A ligação de Domingos Gomes Oliveira ao Correio da Feira ultrapassa meio século. Para o feirense, o folhear das páginas do jornal já se tornou “um hábito indispensável”. O jovem Hugo Tavares, um dos nossos mais recentes assinantes, é símbolo da nova geração aficionada ao digital
O nosso sustento são os nossos leitores, em particular os fiéis ao projeto, quer na região, quer no estrangeiro, nas comunidades emigrantes. Em ano de comemoração de mais de um século a fazer jornalismo de proximidade, dando voz aos problemas e às mais-valias do território de Santa Maria da Feira (sopramos 125 velas), o assinalar da data não ficaria completo sem os testemunhos dos subscritores.
Domingos Gomes Oliveira é um dos rostos que se mantém fiel há várias décadas. A ligação ao Correio da Feira é inclusive antecedente à subscrição. Natural de Santa Maria da Feira, soma 78 anos de idade, 50 deles como assinante deste centenário. Antes de requerer a assinatura, o folhear das páginas do periódico já lhe era familiar. Os progenitores eram assinantes do CF, pelo que o feirense cedo se habituou a acompanhar o jornal. E quando saiu de casa dos pais e começou a construir própria vida e a constituir família, não quis deixar-nos de parte.
“Quando me casei e criei família, continuei o hábito que trazia desde jovem. Fiz a inscrição e acabou por ficar ‘eterna’”, diz o assinante, revelando que se mantém fiel não só pelo hábito, mas também pelo conteúdo. “Valorizo muito as notícias sobre a minha terra e gosto de estar informado. Tudo o que versa assuntos sobre a terra são importantes e tento acompanhar”.
A temática do Desporto despertou durante os anos iniciais de subscrição a atenção de Domingo Gomes Oliveira. Todavia, atualmente já não dá o mesmo nível de importância à secção, preferindo desdobrá-la pelos diversos temas. “Não nego que, durante um período inicial, tinha particular interesse pelos assuntos desportivos. Porém, a determinada altura tornou-se cansativo. Na minha ótica, o Desporto consumia demasiadas páginas de uma edição, o que acabou por saturar”, considera, acrescentando que, de momento, interessa-se “fundamentalmente e quase em regime de exclusividade pelos artigos referentes aos acontecimentos decorridos na Cidade”.
Não obstante, ao longo das últimas décadas, há acontecimentos que Domingos Gomes Oliveira guarda na memória. Pelas suas mãos já passaram centenas de edições e umas mais especiais do que outras. “Todos os assuntos que incidem sobre a vida política do Concelho, nomeadamente as campanhas eleitorais e os consequentes resultados, despertam-me particular interesse. Recordo que, nessas alturas, quando abro o jornal, incido toda a atenção sobre as referidas notícias de carácter político”, confessa o assinante de 78 anos.
Apesar de já ter colaborado várias vezes com o Correio da Feira, o leitor prefere não destacar os momentos em que fez uso do papel e da caneta para escrever sobre o que não considerava ser o mais correto. “As críticas que faço relacionam-se com situações com as quais não concordo e, na minha ótica, não estão a ser conduzidas corretamente. Por isso, quando noticio no jornal assuntos que para mim são importantes, faço-o apenas para tentar dar uma ajuda”, esclarece.
“O digital é uma aposta com êxito total”
Quando Domingos Gomes Oliveira começou a ler as primeiras notícias no Correio da Feira, a internet e o acesso às notícias online eram uma realidade longínqua. Todavia, as novas tecnologias foram-se implementando gradualmente na sociedade e no dia a dia dos utilizadores. O Correio da Feira ao perceber as alterações no mercado, acompanhou a evolução, apostando nos meios online e reforçando essa aposta, com uma presença diária, sobretudo desde o período de pandemia até então.
O que estava a suceder em território feirense, nacional e no mundo suscitou nos munícipes a necessidade de consumirem informação útil e rigorosa. A partir do interior de suas casas e do telemóvel, acediam rapidamente ao site e redes sociais do CF, ficando a par dos mais recentes números e acontecimentos. Vários feirenses deram, nesta altura, início ao seu vínculo ao jornal, e os mais antigos, como é o caso de Domingos Gomes Oliveira, começaram a conceder especial atenção ao digital. O modo de receber notícias alterou-se por um determinado período – a edição impressa esteve suspensa devido à Covid-19 –, mas, nem por isso, o septuagenário deixou de estar informado, continuando nos dias de hoje o hábito que criou particularmente durante a pandemia. “No meu computador a conta do Correio da Feira está aberta e acedo com frequência. Considero que houve um grande esforço do jornal ao apostar no digital, mas é uma aposta com êxito total”, considera, constatando que, durante o referido período crítico, “o jornal nunca se desprendeu dos leitores”. “Pese embora reconheça que haja uma franja importante de leitores que não têm acesso à informática e consequentemente ao digital, o esforço foi vitorioso”, elogia.
Os anos de ligação de Domingos Gomes Oliveira ao Correio da Feira ultrapassam, em grande escala, a idade de um dos nossos subscritores mais recentes. Hugo Tavares tem 26 anos e é símbolo da mudança. Natural da cidade de Lourosa, o jovem abdicou da assinatura impressa, requisitando apenas a digital. A rapidez e a comodidade são os motivos elencados por Hugo Tavares. “Subscrevi o jornal para estar o mais atualizado possível sobre a minha freguesia em particular, mas também sobre o que se passa no concelho de Santa Maria da Feira. A opção pelo digital foi por uma questão de conforto”, refere, mostrando-se particularmente atento às temáticas de Economia e Política.
Apesar de ser consumidor “frequente” de jornais impressos, assume que “toma maioritariamente conhecimento das notícias através dos meios digitais”. Por este motivo, o jovem assinante considera que a forte presença do CF no meio se constitui uma mais-valia para os jovens. “Como consomem informação através da internet, o conhecimento chega até aos jovens”.
No entanto, deixa-nos uma sugestão que, na sua ótica, iria fazer com que a informação chegasse a novos públicos e beneficiasse os atuais. “A criação de uma app seria vantajosa para os leitores, porque assim poderíamos aceder aos conteúdos com maior rapidez”, dá nota.
“Um hábito indispensável”
Numa frase, Domingos Gomes Oliveira mostra a lealdade ao Correio da Feira, definindo-o como “um hábito indispensável”. “O jornal preenche todos os aspetos que para mim são importantes. Está impecável editorialmente”, julga. Já para Hugo Tavares, o centenário significa “conhecimento”.
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Dois mil quilómetros não separam Armindo Carvalhas do CF
Nasceu na pequena localidade do Vale, subscreveu o jornal durante uma estadia na ilha dos Açores e recebe-o atualmente, quinzenalmente, na caixa de correio na Suíça, para onde partiu, com 19 anos, à procura de melhores condições de vida
O Correio da Feira marca presença em várias habitações de feirenses espalhados pelo mundo. Desde o Brasil, França, Suíça, Alemanha ou Noruega, os emigrantes oriundos de Santa Maria da Feira fazem questão de continuar a acompanharem de perto a atualidade da terra natal através das notícias que lhes chegam pelo jornal regional.
Com 57 anos, Armindo Carvalhas está emigrado na Suíça, mas acompanha a par e passo os principais acontecimentos que ocorrem no Município. Mais de 40 anos depois, recorda com exatidão o ano em que iniciou a ligação ao Correio da Feira. Estávamos em 1983 e o feirense encontrava-se nos Açores. “Comecei a receber o jornal quando estava nos Açores. Depois, por uns problemas a que sou alheio, fiquei uma temporada sem receber. Há cerca de cinco anos enviaram-me uma carta para a minha residência na Suíça e decidi telefonar para o jornal a pedir uma assinatura no estrangeiro, porque desejava recebê-lo novamente”, conta.
O folhear das páginas são uma forma de se manter próximo da terra. Por isso, quando o jornal é deixado na caixa de correio da residência, normalmente às terças-feiras, Armindo Carvalhas trata de se sentar no sofá da sala a atualizar-se. “Gosto de ver as notícias e de estar ocorrente das coisas. Há assuntos que não me dizem respeito, mas gosto sempre de dar uma vista de olhos. Apesar de ainda assim não ficar a saber tudo, sempre sei um bocadinho”, diz, entre risos.
Sempre que o pequeno território integrado na União das Freguesias de Canedo, Vale e Vila Maior é alvo noticioso, os níveis de atenção do emigrante disparam. “Gosto de ler o que acontece no Vale e os feitos dos fregueses, em particular. Só que surgem poucas vezes, mas compreendo. Não se pode fazer um jornal só com a freguesia do Vale”, brinca.
No final de 2022, Armindo Carvalhas tenciona deixar a Suíça e partir de malas e bagagens, em definitivo, para a terra natal. O Correio da Feira ‘vem consigo’. “No final deste ano vou regressar ao Vale e solicitar a mudança de direção. Quero continuar a receber o Correio da Feira”, deixa como garantia.