Gil Pereira Moreira dos Santos
É licenciado em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa em 19 de Julho de 1962. Ingressa na Magistratura em 30 de Agosto de 1962.
Eliminado que fui, por Ele, numa sessão de um Congresso Eucarístico, nos meus verdes 10 anos, ?vinguei-me?, 17 anos depois, casando com uma Sobrinha Sua.
Consequentemente, foi após 1968, que comecei a conhecer de perto Aquele que era Administrador Apostólico da Diocese do Porto, em público, e um discreto cidadão, em família.
Apercebi-me da singeleza no trato, na formação pelo exemplo, sendo essencial o carinho dos e para com os familiares, d?Ele, que preconizava que a família deveria ter um ?sadio ambiente, em que as personalidades desabrochem com naturalidade e confiança e se forme no justo sentido da liberdade e da responsabilidade, sob o calor de um afecto sincero, temperado de respeito e autoridade?.
Este pensamento era a tradução do amor extremoso que, pelo que Lhe ouvi e a minha Mulher, recebera da Mãe.
A Sua Mãe, como a Nossa Senhora, votava veneração, dela realçando a ternura, a inteligência e o sacrifício, que, como os demais Filhos (16, ao todo, e 10 sobrevivos, dos quais ainda conheci 7, tendo presidido ao enterro de quase todos e da Mãe), d?Ela recebera ao longo da vida.
Esta ligação ? com origem no amor da Mãe, cujas qualidades, aliás, sempre vi exaltadas nas gerações da Família com que privei e ainda hoje privo ? fazia com que a casa de Mosteirô, fosse por isso, como é ainda hoje, razão de saudade, local de desejado encontro quase semanal entre eles, levando a sedimentar a procura e a oferta do convívio com os Irmãos, que sempre O acolheram nas alturas em que necessitou de repouso, assistência ou amparo psicológico ou ainda hospedagem que, todavia, repudiou quando percebeu que tal iria deixar de ser transitório.
Com a abertura que nem sempre souberam reconhecer-Lhe, mediou confrontos de gerações, em que à irreverência dos comentários de Sobrinhos, sobre momentos e figuras ligados à religião e à Igreja ? uns relacionados com estabelecimentos que frequentaram ? outros no uso de expressões com cunho histórico, se contrapunha a religiosidade extrema dos ascendentes destes, altura em que, apontando o exagero das expressões, fazia acompanhar de um sorriso, a interjeição ? tchhh!?, a indicar que o assunto não merecia ter relevância, antes compreensão pela irreverência.
Isso correspondia àquele juízo que tinha sobre a juventude, que, já então, sendo apodada de ?indócil ou irreverente [quando] age em repúdio de tudo quanto seja expressão da ordem estabelecida, de senso comum, de tradição aceite e respeitada?[o faz] em acusação, insurge ? se em represália contra um mundo materializado, roído de egoísmos ?mundo enoitado sobre o qual não se vê brilhar as estrelas?.
Mesmo em momentos litúrgicos a que presidiu, parecendo ter-se esquecido de uma dada frase do texto respectivo, estava a respeitar a liberdade de opções subjacentes às declarações que cada Um (a) devesse assumir, desde que isso não representasse a lesão da essência e a solenidade do sacramento ? o que n?Ele nunca seria possível.
Mantendo, em família, um coloquiar sereno, sempre ocultou ? mesmo após a sua resignação e retiro em S. Tirso ? o muito que, em termos de informação bibliográfica e serviço às Dioceses, praticou e veio a deixar, quando as abandonou como Pastor e responsável, e de que Outros puderam assumir-se.
O exemplo discreto de grandeza cristã e de concretização da doutrina do Concílio em que participou, recordo-o, quando, no momento em que deixava o governo da diocese do Porto, fez pública exortação à unidade da mesma ?em torno do seu bispo?, que regressava, o mesmo, aliás, que O confirmara para Bispo.
Se é certo que não me recordo de qualquer reciprocidade, nem qualquer alusão à obra que deixava, e que não se podia ocultar, tenho, todavia, a certeza de nunca ter ouvido qualquer alusão a essa omissão do parte do ?Tio Tino?, como era familiarmente tratado.
Aquele que era considerado como uma personalidade distante, era figura que gostava de um convívio aberto, como presenciei, na ?barra? de um snack-bar em Grândola, nos anos do PREC, numa viagem, em período de férias, de Faro para São João da Madeira, em que, diante a uma caneca de cerveja, que fez questão de pagar, e uma garrafa de águas, respectivamente, um grandolense, defensor das conquistas da reforma agrária, discutiu, durante meia hora, com um cidadão de preto, de cabeção, sobre os ?malefícios? da ?padralhada? e da Igreja.
Aquilo que, para Ele, era a noção de dever e função, revelou-o quando, após um acidente cerebral que reduziu em cerca de metade o campo visual, aceitou assumir o governo de uma diocese, em vez de resignar e retomar o desígnio inicial para a sua vocação, afirmando a Seus familiares que, porque ?escolhido? por Deus e para servir, era ?preferível viver 5 anos a 100%, que 10 a 50%?.
O período em Fontiscos foi o de reencontro com a Sua biblioteca particular, a partilha de ensinamentos e salutar convívio com quem O procurasse e a permanente disposição para ajudar os demais por obras e pela oração.
Cerimonia Religiosa de Homenagem a D. Florentino de Andrade e Silva
No ano em que se comemora os Cem Anos de Nascimento do Senhor D. Florentino de Andrade e Silva, a Paroquia de Mosteirô irá celebrar, no dia 12 de Agosto, uma cerimónia religiosa presidida por Sua Exa. Reverendíssima o Senhor D. António Francisco dos Santos, Bispo da nossa Diocese.
Após a cerimónia irá decorrer um jantar convívio junto da igreja de Mosteirô. Para os interessados em participar neste jantar convívio, solicita-se a inscrição na secretaria da mesma igreja.