Há um espaço em Santa Maria da Feira que nos remete para as tertúlias, para uma época que gostaríamos de ter vivido, para um estilo que chamam de ‘vintage’. O mobiliário, os quadros, as peças artesanais, dão um charme especial a um dos sítios onde se concentram alguns dos melhores doces da cidade.
Açúcar & Afecto
Chama-se ‘Museu Vivo da Fogaça’ porque no seu conceito original a Fogaça é o elemento-chave. Há a versão tradicional, mas tantas reinvenções que até a co-proprietária, Paula Camarinha, lhes perde a conta. Na montra, vemos algumas: as fogaças com chocolate e as cortesãs, mini-fogacinhas com fundo de chocolate e recheios de chocolate, café, framboesa, baunilha com rum ou creme de Berlim. Esta última proporciona um contraste muito bom entre o amargo do chocolate preto com o doce do creme, que não é o típico creme que encontramos nas Bolas de Berlim, é menos doce e mais leve.
Mas há mais: com ovos-moles, com frutos secos, a fogaça rainha (frutos cristalizados), imperatriz (trufas de chocolate e morango) e as princesas, com pepitas de chocolate belga, que saem muito bem. Ainda sobremesas de Quente e Frio de Fogaça, Pudim de Fogaça, Salame de Fogaça, os biscoitos ‘efs’ que se servem sempre aos pares, e nos salgados umas empadas de frango com formato de Fogaça. Reinvenções que são experimentadas à exaustão antes de serem lançadas ao público.
Tarte de amêndoa e croissant
Mas há mundo além da Fogaça, e que mundo. Os bolos são sempre diferentes, até porque “os clientes habituais que vêm, por exemplo, ao fim-de-semana não podem estar sempre a comer os mesmos bolos”, mas de entre todos destacam-se: a tarte de amêndoa e o croissant. Ambos bastante amanteigados, são exemplares perfeitos da sua espécie. A tarte de amêndoa é fina, a cobertura com a dureza q.b., o interior saboroso. O croissant, ao estilo francês, só pelo brilho já denota qualidade. Não exagera no tamanho, sai às lascas, é fofo e bem doce, e não precisa de qualquer acrescento. À escolha do freguês, há ainda muitas outras opções, como brigadeiros (bastante crocantes), tartes, semifrios, biscoitos, scones, natas ou o (esse sim habitual) bolo de chocolate com recheio de chocolate, nata ou morango.
É fácil gostar deste espaço, que é apelativo até da parte de fora, agora decorada com guarda-chuvas, acompanhando sempre as temáticas e os grandes eventos que “a cidade festeja”. A marca ‘Museu Vivo da Fogaça’, que já tem cinco anos, começa a ser conhecida, além-Concelho, e os clientes ficam surpreendidos. “Dizem ‘Não pensava que na Feira encontrava espaço assim’ ou ‘Faz-me lembrar Florença’”, conta Paula Camarinha, que descreve o seu cantinho – que gere em conjunto com o marido Carlos Moisés – como “um espaço diferente com produtos de qualidade” e de fabrico próprio.
Há um ano, o Museu Vivo da Fogaça assumiu o bar do Cineteatro António Lamoso, onde também se podem encontrar algumas das suas iguarias, como forma de divulgação da casa-mãe. “As pessoas depois vêm ao Museu lanchar”, diz Paula Camarinha. E, enquanto lancham, deitam um olhar em volta às pequenas Fogaceiras espalhadas pela sala, ao relógio de cuco que preenche a parede ou aos diversos livros e revistas, de entre as quais vários exemplares da Villa da Feira.