Na vida familiar, a relação entre pais e filhos nem sempre é fácil. Por vezes pautada por conflitos severos, demonstrações de raiva, presença de comunicação negativa e agressiva. Na tentativa de enfraquecer os comportamentos problemáticos dos filhos, existem pais que procuram impor uma educação rígida, com recurso a técnicas disciplinares duras, mas por vezes inconsistentes e com consequências aversivas ineficazes. Por outro lado, também existem pais que renunciam a autoridade, são bastante tolerantes e permissivos e não procuram estabelecer regras claras e precisas para que estas sejam cumpridas, com receio de eventualmente serem vistos como “maus pais”.
É muito frequente que estes expressem desespero, impotência, incapacidade de lidarem com os seus filhos e de demonstrarem autoridade perante os seus comportamentos desajustados. Queixam-se da dificuldade de estabelecerem regras que sejam cumpridas, em que o desafio de educar é uma constante. Mas o que por vezes não sabem, é que eles próprios podem estar a contribuir de forma involuntária para o desenvolvimento e manutenção de certos comportamentos problemáticos e inadequados. Afinal, ninguém nasce ensinado! Um dos grandes objetivos para o sucesso educacional, é que os pais devem reconhecer quais os comportamentos desejáveis que querem que os seus filhos tenham e, quando estes os apresentem devem reforçá-los no imediato, fazendo-o positivamente, sendo que para isso devem assumir uma mudança no seu estilo educacional. Neste ponto, é também importante referir que os educadores devem estar em sintonia, ou seja, que pai e mãe devem exercer o mesmo nível de autoridade, para que expressões como “ou te portas bem ou vou chamar o teu pai e depois vais ver o que te acontece” deixem de fazer sentido, uma vez que ambos devem exercer o mesmo nível de autoridade.
Muitas vezes quando falamos em reforçar, é entendido pelos pais que têm de comprar algum presente que o filho queira ou, pelo contrário, consideram que há comportamentos que não devem ser reforçados por serem entendidos como uma obrigação do filho. Damos como exemplo ter um bom comportamento durante as aulas ou tirar positiva nos testes. Mas, na realidade, reforçar não tem só que ver com reforços materiais, mas também sociais, tais como um simples elogio, a atenção, a disponibilidade afetiva e o tempo de qualidade dedicado às atividades e aos programas em família. Isto sem dúvida, é que irá permitir aproximar, melhorar e valorizar as relações entre pais e filhos. Todos os comportamentos esperados e desejados devem ser ensinados, através de práticas educativas efetivas, mas também afetivas e positivas. Os pais que estão mais atentos e vigilantes, que reforçam os comportamentos positivos dos seus filhos, vão fazer com que, inevitavelmente, estes aumentem de frequência. Praticar uma parentalidade positiva, com regras consistentes e uma disciplina apropriada, pautada com incentivos e reforços positivos, irá contribuir para uma aprendizagem e responsividade adequada, prevenindo e reduzindo problemas de comportamento futuros. Assim, as crianças tornam-se mais facilmente em adolescentes e, posteriormente, em adultos seguros e com uma perceção positiva de si mesmos.
Tudo isto é bonito, mas não se esqueça que educar crianças saudáveis exige tempo, esforço e dedicação. Vai muito além do dinheiro gasto em telemóveis “topo de gama”, computadores ou playstations, numa tentativa desesperada de compensar a falta de tempo. Se é pai, ou mãe, liberte parte do seu dia assoberbado de trabalho e dedique-o ao seu filho ou filha. Interesse-se por saber como correu o dia de escola, o que aprendeu de novo, com quem brincou nos intervalos e a quê, se tem alguma coisa que o(a) preocupe, o que o(a) faz sentir triste e o que o(a) faz sentir feliz. Acima de tudo, dê-lhe atenção e afeto.