(Continuação)
Duas “antíteses” que a natureza decidiu atribuir, privilegiando o Sultanato de Omã, o que o torna tão distinto dos restantes destinos turísticos do Médio Oriente.
Para que a viagem por Omã seja completa é imprescindível uma visita ao deserto Wahiba, (Ramlat al-wahiba). Nos 12.500Km foram construídas diversas unidades hoteleiras que se distanciam entre si dezenas de quilómetros, garantindo dessa forma o isolamento que os turistas procuram, proporcionando uma experiência imperdível, numa das zonas mais áridas deste Sultanato. Desde desportos radicais como sand board, aos tradicionais passeios de camelo, safaris de jeep, passeios de moto 4 são apenas algumas das actividades que as várias unidades tem para oferecer a quem despende na programação da sua viagem uns dias ao deserto.
Dependendo da hora de chegada, normalmente o primeiro contacto com o deserto é uma caminhada que nos leva a subir a duna mais alta próxima do nosso hotel.
A nossa duna era mesmo muito alta, mas vista de baixo enganava, convencendo-nos que alcançar o topo não era difícil. O primeiro objectivo de subir aquela parede de areia era para apreciarmos o pôr-do-sol e já não tínhamos muito tempo, pois o astro-rei começava a despedir-se de nós. Encetámos a subida e de repente veio-me à lembrança os momentos que vivi em Walvis bay – Namíbia, onde as dunas além de gigantes são móveis.
Chegar ao cimo da duna não foi ‘pêra doce’. O vento era forte e não estávamos prevenidos com os lenços, que nos protegesse a boca, para nos facilitar a respiração. A determinado momento parecia que tínhamos os pulmões cheios de areia. Com bastante esforço, (expulsando os maus vícios) conseguimos atingir o topo. Os primeiros minutos foram para recuperar do esforço, principalmente normalizar a respiração, e quando nos ambientámos foi para ‘roubar’, com as nossas câmaras, a magnífica paisagem desértica que se nos apresentava à vista. O Sol começa a descer, ameaçando deixar-nos ali sozinhos na escuridão e quase parecendo reverenciá-lo sentámo-nos, com a areia a bater-nos nas costas, apreciando o pôr-do-sol. Pequeninos e insignificantes são sentimentos que vivencio sempre que visito estes lugares inóspitos que ainda assim nos transmitem uma tranquilidade imensa, talvez pelo contacto directo com a Natureza Mãe.
Sentados no chão, num mar vermelho, cor dos tapetes que cobriam a areia, assistimos, enquanto ceávamos, a um momento musical beduíno, tendo como protecção um céu limpo, mas ‘polvilhado’ de estrelas como que garantindo que a noite no deserto nunca é completamente escura nem nos deixa completamente sós.
No dia seguinte, após inspecção à unidade hoteleira que nos acolheu, partimos com destino a mais uma das jóias naturais do Sultanato de Omã: as piscinas naturais de Wadi Shab.
Um Wadi é um leito de um rio que durante a época seca não tem água. Wadi Shab é sem dúvida o wadi mais famoso do Sultanato pela particularidade de se apresentar com água durante todo o ano.
Vindos do deserto e sempre acompanhados por imponentes montanhas, de um acastanhado claro, mas sem vida, com uma temperatura a rondar os 47 graus centígrados, chegámos a um oásis onde estacionámos o carro e seguimos a pé durante uns cinco minutos até aquela que é considerada fonte de toda a vida.
O cenário que se apresenta à nossa frente não podia ser mais contrastante à experiência que tínhamos vivido no dia anterior no deserto Wahiba.
Escondido nas entranhas das mesmas montanhas, que durante a nossa viagem nos fez acreditar ser impossível existir vida, surge-nos um enorme lago de cor esmeralda, ladeado de muitas palmeiras que lhe emprestam a sombra que começávamos a desejar. O silêncio reinava, impondo uma paz que o quadro natural à nossa frente poderia ser a perfeita definição de Paraíso.
Não demorámos muito, foi só o tempo de retirarmos as roupas e gozarmos das águas refrescantes. Seguimos nadando pelo rio, desfiladeiro acima explorando outros lagos bem mais pequenos que o primeiro, alguns não passavam de simples poços profundos de água, de um verde límpido e transparente, não fosse a fome e a existência de um plano de viagem que tínhamos que cumprir, ninguém nos tirava daquele bocado de Éden.
(continua)
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Jorge de Andrade