Para o turista que entra na India por Bombaim, a Ilha de Elefanta - Gharupuri, no seu nome original - é o primeiro contacto que a impressionante cultura Hindu oferece a quem visita aquele gigante asiático.
A distância entre o porto de Bombaim e a Ilha Elefanta não é mais que onze quilómetros. Visita imperdível num itinerário bem organizado.
Ao chegar deparamo-nos com uma floresta quase cerrada de variadíssimos tipos de árvores. As mangueiras e tamarindeiros, são apenas duas espécies de árvores frutíferas que partilham o território com a alta e esbelta palmeira que irá fazer parte dos horizontes da nossa viagem, até ao último dia.
Elefanta foi o nome que os primeiros europeus, (portugueses, claro), deram a este pedaço de terra, porque quando desembarcaram, naquele longínquo dia do seculo XVI foram imediatamente surpreendidos por uma imensa estátua de um elefante, que tinha como objectivo proteger a ilha dos maus espíritos e agradecer aos deuses as bonanças enviadas ao homem.
História
A história das esculturas de Elefanta é pouco conhecida e estudada. Sabe-se que datam do seculo VII e no seculo anterior à criação daquelas esculturas, Bombaim vivia sob o império Gupta, durante a designada idade do ouro, era em que as artes e as ciências mais floresceram na India.
O sânscrito é finalmente polido e torna-se em escrita oficial do império e estudiosos como Calidasa, Ariabata, Visnusarma contribuem para incitar um renascimento do religioso Hindu. O Shaivismo - a adoração a Deus Shiva - é a inspiração que está na origem da construção daquelas imagens naquele templo natural.
A visita
Entramos num enorme salão que nos oferece a sensação de que toda a gruta está suportada pelos gigantescos pilares de pedra que protegem a enorme estátua de Shiva de três cabeças: O Criador (à direita); Protector (ao centro); e o Destruidor (à esquerda, com as serpentes no cabelo).
Confesso que as esculturas que mais aprecio, são as que estão gravadas nas paredes das grutas, dando a conhecer ao ser humano as realizações de Shiva. A graça, o sentimento de paz e o equilibro, são de uma beleza que nos arrebata à medida que vamos caminhando pela caverna e vamos tentando perceber a mensagem que cada escultura pretende transmitir. Não é fácil, sem a preciosa colaboração do guia local...
Yogisvara, senhor do Yogis, é uma representação de Shiva sentado sobre uma flor de lótus, trazendo o rio Ganges para a terra, deixando-o escorrer pelas tranças do seu cabelo sagrado.
Shiva Nataraja, Senhor da dança cósmica que destruirá o mundo fatigado e dá início ao processo de criação por parte de Deus Brama.
Ardhanarishvara é a representação do Deus Shiva como homem e mulher, sugerindo a unidade de todos os opostos.
Detemo-nos junto de cada “nicho” das pareces das grutas para ouvir as explicações do guia sobre o significado de cada escultura; e em cada uma destas obras-primas do ser humano não nos deixamos ficar indiferentes a outro sentimento: a tristeza e revolta.
Todas aquelas magníficas esculturas que chegaram até aos nossos dias, testemunham-nos a atitude do ser humano face ao desconhecido. Os danos que lhes infligidos, em especial nas mãos e cabeça, são o reflexo do pavor que os portugueses sentiram quando se depararam com aquelas esculturas, que pensavam serem representações do diabo e das forças maléficas.
Um triste legado dos portugueses, que deixámos naquele território, a somar a outros milhares de exemplos mais felizes que um dia vos ‘levaremos’ a visitar, mas mais para o sul da India.
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Jorge de Andrade