Se a vista do Vale de Chivay nos encantou logo no primeiro momento, a localização do nosso ‘Resort’ era num paraíso. Mesmo à beira-rio usufrui não só da vantagem paisagística, como também de uma importante zona termal. A sua construção pretende reproduzir a arquitectura de um antigo povoado local e em todo o ‘resort’ não há dois quartos iguais. Os jardins encantam pela sua natural beleza e pelos seus “cuidadores locais”, várias espécies de lamas e vicunhas aparavam a relva calmamente, sem demostrarem nenhum incómodo com a chegada de tão barulhento grupo de turistas.
Após o momento que todos dedicámos à fotografia, naquele pedaço de paraíso, foi tempo de aproveitar o Spa, para retemperar o corpo cansado da viagem. As opções eram variadas: massagens, banhos nas águas termais, tratamentos de lama e o que mais houvesse para nos preparar para a jornada do dia seguinte. Para evitar problemas com o “mal da altitude”, aconselho sempre os turistas a não comer muito e a evitar as bebidas alcoólicas.
O dia seguinte começa madrugador e com uma viagem de alguns quilómetros por montanhas que nos oferecem uma paisagem indiscritível. Em estradas estreitas e com vertentes abruptas, seguimos o Rio Colca. Garanto-vos que não foi só a paisagem que arrancou aqui e ali uns suspiros e arrepios; a estrada que percorríamos, para além da beleza natural que nos oferecia, era por si só um desafio em clima de aventura, especialmente para os que sofrem de vertigens, como eu. Neste canto do mundo, o tempo parece ter parado; a vida corre com lentidão e os habitantes vivem em plena sintonia com a natureza que os rodeia.
Partimos para este nosso passeio com dois objectivos distintos: conhecer o famoso Canhão de Colca e, ao mesmo, tempo observar o famoso ‘Voo do Condor’. Se tivermos a oportunidade de escutar a famosa canção popular “El Condor Pasa” – que Simon & Garfunkel imortalizaram nos anos 70, na sua sublime versão – então, o quadro fica perfeito.
Dentro do horário pretendido, chegamos à enigmática Cruz del Condor, local que já registava a presença de alguns turistas. O Canhão de Colca é hoje o terceiro lugar mais turístico do Peru, sendo visitado, anualmente por mais de cem mil turistas. Todos querem conhecer um dos mais profundos canhões do mundo e não há quem não fique impressionado, não só pela grandeza do Canhão, mas também com a paisagem. São quase 1.500 metros de profundidade, desde a Cruz até lá abaixo ao rio. Mas se contarmos a partir dos picos das montanhas mais altas, estamos a falar de 3.400 metros. Impressiona! Mesmo aos que já viram o Gran Canyon, nos Estados Unidos ou o Canhão del Cobre, no México.
Os que realmente vieram para apreciar este “monumento natural”, rapidamente procuram lugar na escarpa e por ali se sentam a apreciar este “monumento natural”. Há quem goste de meditar, outros aproveitam para agradecer à vida mais uma oportunidade de viajar e conhecer este mundo tão diversificado e não falta os que não conseguem resistir às compras. Mas ao que ninguém resiste, é a recolher o maior número de fotografias; todos queremos levar connosco este belíssimo postal, connosco!
El Condor, pasa...
A manhã vai aquecendo e, nas escarpas, um habitante do Canhão vai despertando do seu sono. É o Condor Andino, a maior ave voadora do mundo. A envergadura de asas atinge os 3,2 metros e pesa mais de 14 quilos. Estas aves conseguem voar mais de trezentos quilómetros num único dia e podem viver mais de meio-século.
Com um simples abrir de asas, que mais assemelha a um cumprimento ao dia, o Condor parece exigir a atenção dos presentes para o seu primeiro voo. Nem sempre temos a sorte de vê-los voar em pleno; às vezes ficam-se por um tímido voo e regressam ao lugar de pouso. Mas hoje, o grupo que acompanho teve uma sorte como nunca antes me havia acontecido. Em pouco tempo, eram vários os Condores a brindar-nos com o seu voo, com alguns deles a voarem muito perto dos turistas, proporcionando assim momentos fotográficos que decerto preencheram páginas de muitos álbuns por esse mundo fora.
O silêncio cai na Cruz del Condor, enquanto o senhor dos céus voa por cima, em frente, entre as escarpas do canhão mostrando a sua agilidade e majestade. Sempre me impressionou o quadro que naturalmente acaba por se formar junto aquela enigmática Cruz: um grupo de pessoas, apreciando o voo de uma ave, parece atingir uma serenidade total, entrosando-se com a natureza que os rodeia. Talvez por isso o Condor tenha sido para as antigas civilizações andinas a ave que simbolizava a Imortalidade, Força, Inteligência, Poder e Saúde.
A viagem prossegue, mas agora nos belíssimos vales onde nos esperam a Historia e Cultura, tudo sempre num abraço forte com a Religião. São as pequenas vilas e povoações que visitaremos a seguir. Num próximo Sensações sem Fronteiras...
Jorge de Andrade
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