Era sexta-feira, 16 de dezembro, 17h30 da noite, às portas da hora do início do jogo CDF/Leixões. Num raio de 500 metros, à volta do Estádio, milhares de veículos paravam a sua marcha, em todas as artérias do Centro da cidade. A situação era recorrente, mas sem haver memória de entupimento semelhante. Adianto, como exemplo e para ser mais preciso, que foram necessários 45 minutos para quem, como eu, vive na Rua Dr. Elísio de Castro, percorrer os 250 metros da que lhe é perpendicular, a rua Dr. Alcides Strecht Monteiro, ali nas traseiras do velho Tribunal Judicial.
Um desespero e um martírio para quem àquela hora circulava e tinha, como sucede com a sua maioria, compromissos assumidos e a cumprir. Um bloqueio generalizado à vida de milhares de pessoas, que lhe estava reservada pela ironia de um destino que a todos surpreendeu e castigou. Um autêntico e complicado inferno, sem nada que o explicasse, pelo menos que fosse perceptível, mesmo levando em conta tudo o que anda volta do Perlim. Acidente, avaria ou obras em estrada, qualquer um poderia ser o elemento perturbador, mas nenhum deles foi a causa, como mais tarde se constatou. Será que corte parcial do trânsito na Avenida Clube Desportivo Feirense, como acontece sempre que há transmissão televisiva do futebol, teve influência? Todavia, pouco interesse haverá em culpar seja o que for, se depois do impiedoso martírio de se ser apanhado numa embrulhada rodoviária destas e sem alternativas que a socorram, o que mais se assiste nesta terra são problemas diários de circulação rodoviária!!..E que vantagem se terá em explicar o que quer que seja, quando, numa cidade, encharcada de carros apenas um cruzamento/entroncamento dispõe de semáforos?...
Que adiantará esmiuçar trabalhos de planeamento ao nível de postura de trânsito, se o importante é a confusão dormir sobre a confusão, enquanto os órgãos autárquicos competentes, os que aprovam regulamentos de trânsito, têm mais que fazer e não estão para aí virados?...
Que valerá darmos cabo da mona, se quem manda ou gere a cidade, do que mais gosta é de medir o seu progresso pelo número de veículos que nela circulam, em manifesta concorrência à privilegiada posição, no ranking de crescimento, pela via da volumetria do velhinho cimento armado?!
Que importa conhecer seja o que for, se no espírito de segurança da PSP, não cabe a ajuda que deve prestar, sempre que, em causa, estejam graves problemas de fluidez de trânsito?!
Que interessará barafustar sobre barafustar, se as dificuldades rodoviárias, provocadas por viaturas a mais em circulação, apenas se resolvem graças ao bom senso, paciência, boa vontade e tolerância, as únicas escolhas autónomas à disposição do livre arbítrio dos condutores??!!..
Que importância terá, se calhar, saber-se o porquê das coisas, se, por exemplo, no cruzamento da Rua Dr. Elísio de Castro, com as do Dr. Cândido de Pinho, Eng°. Duarte Pacheco e 5 de Outubro, o pára-arranca das imediações parece só surgir, porque, ao invés duma rotunda, plantaram, lá, um mini jardim.
Se..se..se...mas, também, para quê tantos "ses" ou tanta conjunção condicional repetida, se a única faculdade, que a sua condição de letra morta tem, é de ser inconclusiva.