O facto que vou referir não é novidade, está à frente dos olhos de toda a gente, mas continua a haver quem recuse olhar ou finja não ver. Escola primária nr.º 1, da Rua Prof. Dr. Egas Moniz, aqui bem no coração da nossa terra e — vá-se lá saber porquê — precisamente no único sítio onde a cidade tem semáforos. Desconheço o motivo e até confesso a minha ignorância se disser ter a Escola alguma coisa a ver com isso, porém, mesmo reconhecendo não ter atributos para discutir assuntos que apenas dizem respeito a quem cuida e zela pelo controlo e legalidade das intervenções urbanas, sou levado a admitir que "sim senhor", que teve total cabimento, porque nenhuma escola podia funcionar sem ter à sua volta condições de segurança apropriadas. Podia, mas acontece que agora já não pode, porque o tempo passa, tudo muda e depressa se faz tarde. O que "no anteontem antigo" era trânsito em versão pasmaceira, no "hoje" de hoje e no longo passado do 'ontem" o que está diante de si é só uma das mais movimentadas vias de acesso à cidade e que, quando coincide com o início e o fim do horário escolar, vira perigosa inferneira e um tal desassossego que não são "paninhos quentes" que o resolvem.
Então é no mínimo muito estranho que os anos passem, uns atrás dos outros, e que esta marca "negra" persista, sem que o cenário se altere. Não sei o que gira à volta disso, como também não sei, nem me interessa conhecer as razões, que levam a que o edifício escolar permaneça ali, no mesmo sítio de sempre!...E não me interessa, porque por mais forte que seja, nada há que o justifique. O que sei e o que os meus olhos vêm é uma Escola que nasceu em berço de ouro, com "pai e mãe", declaradamente responsáveis e que, por hora, sobrevive órfã, desamparadamente isolada, triste e desiludida por não ver chegada a hora em que alguém sobressaia da "abençoadíssima" política local e lhe ponha rodinhas por baixo, trocando-lhe os ares. Andei lá há 70 anos e não valendo, sequer, a pena dizer a minha idade, direi, antes, que me sinto velho e cansado, só de ter que olhar, todos os dias e há muitíssimo tempo, para o que aquela arriscada balbúrdia, que todos os dias às horas de entrada e saída do "abc" escolar das crianças e da vida de quem o sustenta, provoca nos que lá andam, sejam obrigados a andar ou, simplesmente, por lá passem.
Unir incompatibilidades até se pode, mas não se deve.