Para muitos estudantes do Ensino Superior, os estágios curriculares servem de primeiro contacto com o mercado de trabalho. Idealizados para serem uma aplicação prática dos conhecimentos obtidos pelo/a estudante no seu curso enquadrados numa vertente empresarial. Algo que lhe abrirá portas para o futuro, e que muitas vezes até se pode vir a transformar no seu primeiro emprego. Isto tudo, claro, num mundo ideal...o problema é que não vivemos num mundo ideal, nem perto disso!
Nos tempos que correm, um grande número de empresas vê os estudantes como mão-de-obra barata (grátis, em muitos casos), na qual se podem apoiar para delegar as tarefas que ninguém quer fazer, as ditas “chatas”. Onde está a aplicação dos conhecimentos no meio disto? Não está! O facto de não existir confiança no potencial do estagiário acaba por ser uma machadada no seu progresso e na sua possibilidade de evolução. Isto é uma das situações possíveis. No entanto, existe o outro extremo: Quando a delegação das tarefas core de uma empresa são concentradas num só estudante.
Esta realidade acontece, sobretudo, quando se trata de start-ups, muitas vezes sem recursos humanos qualificados, e que veem num estudante, por exemplo de Mestrado, uma salvação para combater a sua incompetência e falta de recursos financeiros. Pensam que é alguém jovem, muitas vezes com pouca ou nenhuma experiência profissional, que construirá sozinho uma empresa de sucesso, utilizando a velha desculpa de, “Mas se tu és mestre disto, ninguém melhor que tu para saber desta área” ...Tontices. Um ano de disciplinas num Mestrado dá pouco mais que as bases teóricas, principalmente quando o estudante realiza a Licenciatura numa área diferente.
Onde fica o estudante no meio disto tudo? Atolado de trabalho e a tentar dar resposta em várias frentes, dependendo quase e unicamente de si para construir a empresa e mostrar resultados ao seu superior hierárquico. Com isto surge um fenómeno chamado Burnout. De acordo com Maslach et al. (2001) é "uma resposta prolongada a stressores físicos e emocionais crónicos que culminam em exaustão e sentimentos de ineficácia". Teixeira (2002) define como sendo "uma resposta à pressão emocional crónica resultante do envolvimento intenso com outras pessoas no meio laboral" (Teixeira, 2002). Isto conduz a situações de exaustão emocional, despersonalização/desumanização e à baixa realização profissional e pessoal. Os problemas causados por esta condição são de inúmeras tipologias: físicos, emocionais, cognitivos, comportamentais, sociais, laborais e existenciais.
Dito isto, o que se pode fazer para combater este problema aos olhos dos estudantes e das Universidades que celebram o protocolo com as empresas? Uma análise prévia da empresa e do seu historial, experiências passadas de outros estudantes, e entrevistas que reúnam todas as partes interessadas, a fim de objetivar o que se pretende, concretamente, com o estágio curricular. Afinal não nos podemos esquecer que os estudantes de hoje serão o futuro e os líderes do amanhã, sendo fulcral munir-lhes de ferramentas que contribuam para o seu enriquecimento profissional.