O Concelho de Santa Maria da Feira esteve, desde sempre, ligado ao setor secundário, representando este uma fatia significativa das receitas e transações na região ao longo do tempo. Na indústria, há que evidenciar algumas das atividades predominantes da região, nomeadamente as atividades de transformação e a engenharia civil.
Naturalmente, isto conduz a uma clara concentração de pessoas ao serviço da indústria transformadora, nomeadamente no subsetor dos couros e da madeira, e cortiça, destacando-se o setor da madeira e cortiças, sendo essa a “especialidade” do concelho. Para o concelho, o setor da cortiça é extremamente relevante, tanto pelo seu elevado peso económico, como pelo desenvolvimento acentuado. A dinâmica do setor corticeiro do Concelho é confirmada pelo número de sociedades constituídas no âmbito da indústria transformadora.
Posto isto, assiste-se ao nascimento de uma nova ‘era’, a Era dos Serviços. Fruto do surgimento e crescimento dos serviços e atividades associadas (ex. hotelaria, restauração, turismo no geral), e a par do crescente standard de formação, com vista à obtenção de profissionais mais qualificados. O setor secundário está, então, a ser eclipsado pelo terciário. Assistimos a uma mudança na personalidade do ser humano: do robotismo ao dinamismo.
Segundo um artigo da autoria de Tiago Domingues (in Jornal I), o mesmo refere: “É comum afirmar-se que hoje vivemos numa economia de serviços. De facto, enquanto em 1960 o setor dos serviços representava 45% do PIB nacional, agora representa 75%. Analogamente, em 1970 representava 41% do emprego, e agora representa 68%.” De forma convicta, o mesmo afirma ainda o bem dos serviços no contexto ambiental: “Do ponto de vista ambiental, esta transição para uma economia de serviços é frequentemente apontada como muito favorável. As atividades dos serviços (em contraste com a agricultura, a indústria e a construção) são tendencialmente “imateriais”, isto é, são principalmente baseadas em fornecimento de informação e, portanto, exigem menos matéria e energia e geram menos impactes ambientais”.
Neste seguimento, e introduzindo o conceito da Indústria 4.0, baseada na digitalização massiva e da inteligência artificial, prevêem-se aumentos significativos de produtividade no setor dos serviços. O crescimento exponencial da tecnologia, e da migração das empresas e consumidores para o digital, pode trazer problemas significativos a nível do emprego para o Concelho de SMF, concretamente a redução de postos de trabalho, com vista à redução dos custos em matéria de RH. Contudo, é imperativo ter em mente que falámos de máquinas, algo ainda pouco recetivo à mudança e, principalmente, aos imprevistos do quotidiano das atividades dos serviços.
Isto tudo para dizer que se assiste a uma crescente presença da Indústria dos Serviços, algo que gera grandes receitas a nível de vários setores. É, sem dúvida nenhuma, uma oportunidade a explorar pelo tecido empresarial de SMF, nunca esquecendo a imprescindível ‘ignição’ da atividade económica: as pessoas. Isto deve ser sinónimo de boas políticas salariais, ajustadas à função, formação quando necessária (não apenas pela sua obrigatoriedade), subsídios e perspetivas de progressão na carreira, sempre que possível, com vista a ignorar as famosas ‘cunhas’.
Em nota de término, faço um apelo à crucial missão que o mundo laboral enfrenta atualmente: a conjugação do saber humano com o saber automatizada, mais que tudo, nunca esquecer que por muito que um robot desempenhe bem o seu papel, tem de haver alguém por detrás... e não é a Inteligência Artificial... é o Humano.