O balanço do primeiro ano do mandato do nosso executivo municipal, apresenta um resultado muito pobre. Passado o entusiasmo inicial, os novos autarcas têm sido incapazes de reorganizar os serviços municipais, de melhorar a sua organização interna, insistindo nas mesmas práticas de planeamento comprovadamente incompetentes para a vida do município.
A estratégica seguida no planeamento das grandes empreitadas para o desenvolvimento do concelho a médio e longo, apresenta uma estagnação preocupante. Das muitas obras prometidas, destacamos a construção de duas rotundas, uma perto do Hotel Nova Cruz e outra junto ao monumento evocativo do centenário do CD Feirense, que são fundamentais na ligação de duas zonas da cidade da Feira, separadas pela EN 223 e na melhoria da fluidez do trânsito viário, não saem do papel. Goradas as primeiras expectativas, não se vê qualquer sinal que traga “luz ao túnel da Cruz”. De igual modo, continuamos com a promessa de uma terceira rotunda, planeada para a zona de Picalhos e da construção do centro coordenador de transportes de Santa Maria da Feira, que irá nascer junto aos Passionistas, a ser incluídos num projeto de requalificação integrado, que será alvo de uma candidatura a fundos comunitários.
É preciso recordar aos Feirenses, que em outubro de 2015, foi lançada uma petição, onde se requeria à Assembleia da República, que apreciasse em plenário, o pedido de construção imediata do Túnel da Cruz, e da rotunda de Picalhos e respectivas infraestruturas acessórias. Isto sem esquecer, que há mais de 30 anos, que ouvimos eleição após eleição, que estas obras iriam uma realidade. Infelizmente, continuamos à espera!...É do conhecimento público o caos viário que se vive em horas de ponta, que inferniza os automobilistas, que são forçados a percorrer a EN223 desde a saída A1 até Nó de Picalhos, visto não terem um percurso alternativo. Esta realidade é do conhecimento dos nossos autarcas de quem se esperavam medidas de descongestionamento para o local, nomeadamente uma ligação direta da N223 ao Hospital, para viaturas de emergência médica. Porém, ficamos estupefactos com a autorização da instalação de novas superfícies comerciais junto ao nó de Sto. André, via de ao acesso à N223, que vieram agravar ainda mais a difícil circulação viária existente. Perante estas erróneas decisões, estranhamente ninguém assume a responsabilidade pelas trapalhadas que estão a acontecer. Mais uma vez, parece que a culpa vai morrer solteira!
Estes e outros compromissos autárquicos assumidos pela Câmara Municipal, tardam em sair do papel das boas intenções propagandísticas a entrarem em execução. Responsavelmente, estes compromissos têm de merecer a aceitação da Administração Central. Para obter essa aceitação é preciso que o Orçamento de Estado para 2023, que está em debate na Assembleia da República, contemple estas obras. Para esse efeito é necessário que os Deputados eleitos na Assembleia da República pelo círculo de Aveiro, defendam a sua inclusão no OE/2023. Nesta oportunidade, fará todo o sentido que os Sr. s Deputados não se esqueçam da reabilitação do Palácio de Justiça da Comarca de S. Maria da Feira, visto tratar-se de obras de dimensão Nacional.
Por último, em termos de balanço, fica a seguinte reflexão: “Quem acompanha os ciclos autárquicos assiste à repetição sistemática e sucessiva de ciclos autárquicos, em que no 1.º e 2.º ano de cada mandato a actividade municipal fica praticamente paralisada, salvo o pagamento do excesso de despesas feitas no último ano do mandato anterior (no decurso das eleições) e do lançamento de promessas propagandistas. Esta pausa dá para recuperar o fôlego financeiro fundamental para os compromissos financeiros a satisfazer no último ano de mandato em curso, onde se vai gastar “muito e mal” de forma absurda, tendo em vista um único objetivo a “caça ao voto”.
É tempo de acabar com estas práticas anacrónicas, onde as boas práticas de planeamento são abandonadas em prol de práticas despesistas com desperdícios inaceitáveis. Estas práticas eleiçoeiras levam os eleitores a comentarem com ironia que “devia haver eleições todos os anos”. Como cidadão minimamente atento à actividade autárquica, interrogo-me como é que a “oposição” não consegue desmascarar publicamente estas práticas, e só se mostre preocupada em véspera de eleições!…