Indaqua e o logro da oferta de bilheite/pulseira para a Viagem Medieval
António Cardoso
Militante de base do Partido Socialista
Os consumidores Feirenses dos serviços de água e saneamento, obrigados sem alternativa à tutela da Indaqua, foram simpaticamente convidados a aderir à Fatura Eletrónica, Fatura Bimestral ou Débito Direto, ganhando o direito a um bilhete para a Viagem Medieval em Santa Maria da Feira. A disponibilidade desta ‘prenda’ decorre de 1 de julho a 14 de agosto. Assim numa ‘ação de simpatia’, quem for consumidor dos serviços de água e saneamento prestados pela Indaqua, pode aceder gratuitamente ao maior evento de recriação histórica medieval do país, que decorre de 3 a 14 de agosto, basta aderir a um destes serviços em indaquafeira.pt ou ao seu balcão (será uma entrada ou uma pulseira?).Esta estranha simpatia de preocupaçãocom a vida dos Feirenses é justificada comganhos de tempo e poupança de preocupações!
Na qualidade de consumidor, considero esta mensagem que acompanha a factura da água e saneamento, como um ‘atestado de menoridade’ que me é passado, ao citar as vantagens da factura bimestral, ao dizerem que é mais clara, mais simples e sem estimativas. Esta afirmação é um logro dado que a factura bimensal tem um erro original de estimar contagens de medições com escalões diferentes em dois meses. É indiscutível que se reduzem para metade o número de funcionários que teriam de fazer as contagens mensais dos consumos de água. Quem fica a ganhar? A Indaqua!
Quanto à adesão à factura eletrónica, dizem que é prático e amigo do ambiente… Quais os ganhos para os consumidores? A Indaqua não diz que vai poupar para os seus cofres milhares de euros, pois deixam de ter custos de milhares de euros em despesas postais com o envio de facturas aos consumidores.
Na qualidade de consumidor em Santa Maria da Feira, invocando os meus direitos de cidadania, considero que os Feirenses estão a ser tratados como ‘parolos’ perante as ‘hipócritas’ preocupações manifestadas pela Indaqua na defesa dos seus consumidores. Sinto-me insultado com este tratamento, pois recuso a factura bimensal, bem como me recuso enviar mensalmente as contagens dos meus consumos, porque a concessionária não tem qualquer preocupação com o preço exorbitante de venda de serviços de água e saneamento (maiores do país).
Esta prática é contrária às práticas seguidas pelas comercializadoras de energia elétrica e do gás, que fazem descontos nas suas facturas, se aderirem ao regime de débito direto. Isto não acontece porque a Indaqua detém um contrato blindado, que lhes permite gerir a concessão dos serviços de água e saneamento em ‘regime de monopólio’!
Na defesa da qualidade ambiental, apesar do oportunismo da Indaqua, considero que os consumidores Feirenses dos serviços de água e saneamento devem aderir à factura eletrónica, dados os ganhos ambientais na poupança de consumo de papel que essa prática nos permite.
No entanto, não aceito esta ‘fantasia de promoção’ de ganhos para os Feirenses. Esta prática comprovadamente falaciosa, pois dispensa o envio por correio da factura mensal a dezena de milhares de consumidores correspondendo a milhares de euros em benefício dos cofres da Indaqua.
Mais, a Indaqua insiste que os consumidores façam o envio mensal do valor de contagem da água consumida. Qual é a contrapartida por este serviço, que reduz despesas com funcionários à Indaqua?
Tal como eu, os consumidores Feirenses exigem que sejam mudadas as políticas mercantilistas seguidas pela Indaqua, avalizadas pela Câmara Municipal, no sentido de se encontrar mais justiça na comercialização de um bem de primeira necessidade, sem brincar com a dignidade dos Feirenses. Será bom lembrar que os lucros da Concessão, em 2020, rondaram os sete milhões de euros, à custa de um bem de primeira necessidade pago dos bolsos dos Feirenses! Não serão lucros leoninos?
Por último, é tempo da Indaqua acabar com a ‘palhaçada’ de classificar os Feirenses como ‘mentecaptos’, sujeitando-os a fazer o papel de bobos, farda que os Feirenses recusam vestir. Chega de gozo!