O presidente Emídio Sousa em entrevista ao ‘Observador’ recusou liminarmente a regionalização. Defende que se deve avançar com a descentralização e aponta os Municípios como o baluarte dessa descentralização. Emídio Sousa considera que não se deve criar mais um patamar burocrático, carregado de despesas, nessa retirada das decisões de Lisboa. Avança ainda que ninguém em Portugal quer a regionalização. Termina dizendo que sabe muito do assunto porque já o estuda há 30 anos e escreveu muito sobre ele.
Não querendo tirar o mérito do estudo ao presidente, ainda bem que é um estudioso sobre todos os assuntos e mais alguns, posso avançar que existem muitos a defender a regionalização.
A regionalização bem feita não implica criar mais órgãos de decisão, mas sim retirar esses órgãos da capital do império. O objetivo é trazer o poder para junto das populações. Trazer o poder para que ele possa estar o mais próximo possível do cidadão e dos seus problemas.
Embora sejamos um país pequeno temos diferentes realidades. Essas realidades não podem ser comandadas da mesma forma desde a janela de um gabinete ministerial em Lisboa.
Numa regionalização bem feita, que não seja de mais custos para o país, mas sim a simplificação do Estado, será necessário que a região responda diretamente ao cidadão e não responda com a habitual postura paternalista, dando doces aos provincianos que passem pela janela com vista para o Tejo.
Se Emídio Sousa acha que o único caminho é descentralizar sem regionalizar, então que se lembre de fazer igual e descentralizar o poder Municipal nas juntas de freguesia. Não se esqueça de acompanhar essa descentralização com verbas capazes de emancipar as freguesias e por sua vez não se ver presidentes de Junta de mão estendida para melhorar as suas freguesias e a vida dos seus cidadãos.
Descentralizar, senhor presidente, é mais do que de vez em quando jogar umas verbas para cima, dando algum oxigénio, mas não deixando as freguesias respirar sem ajuda.