Obviamente que não se pode dizer que tudo aquilo que é feito em Santa Maria da Feira é mal feito.
A Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade para 2030 avança:
“... há muito que se superou o paradigma puramente 'conservacionista', em que a proteção se exercia pela negativa, pela proibição de usos e pela ocultação dos valores.”
“Se não há pessoas, não há quem cuide, se não há atividade, não há quem aproveite os recursos e valores deste património e contenha os processos de perda de biodiversidade, cada vez mais ameaçada pelos processos que decorrem das alterações climáticas“.
O que está a ser feito pela Câmara Municipal nas margens do rio Cáster pode ser entendido no sentido de uma estratégia de abrir as Guimbras e o rio aos Feirenses, através da construção de uma zona pedonal/ciclovia.
Pelo que se entende, do ponto de vista de um leigo, ainda existe muito trabalho pela frente. É necessário ainda a requalificação ambiental dos terrenos pelos quais foi construída a infraestrutura e dos terrenos envolventes ao rio, conforme já afirmou o presidente Emídio Sousa.
Estamos perante uma obra que exige um enorme equilíbrio entre a intervenção humana e a preservação de um espaço natural que é um tesouro ambiental do nosso Concelho.
Diz também a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade para 2030:
“...é preciso criar condições de equilíbrio: para fixar as pessoas e controlar a pressão humana, para promover e gerir a visitação e a fruição das áreas naturais, dinamizando modelos de desenvolvimento económico adequados aos valores existentes que valorizem os serviços de ecossistemas.”
É neste momento que entra a critica/preocupação. Numa zona o percurso pedonal/ciclovia deixa de acompanha à distância o Cáster, mantendo as suas margens naturais e atropela o rio. Naquele local a margem natural do rio desaparece e é um muro de pedra de suporte da dita infraestrutura.
Pode a Câmara Municipal apontar todas as razões técnicas e mais algumas, pode alegar tudo e as mais alguma coisa, mas nitidamente não era necessário desvirtuar a obra com aquela curva em cima do rio.
Nitidamente o tal equilíbrio que se exige não aconteceu e é necessário perceber como minimizar os estragos.
O que se espera agora é que a requalificação dos terrenos envolventes seja feita com o devido respeito pela biodiversidade do Cáster e das suas margens. O que se espera é a não haja a colocação a torto e a direito de relva.
Queremos a natureza, biodiversidade de um rio e das suas margens de um rio. Não queremos com toda a certeza um campo de golfe.