Em pleno século XXI, cem anos após a 1.ª Guerra Mundial, vemo-nos em frente de um iminente conflito, o qual envolve tanto a Rússia como a Ucrânia.
Origem das Quezílias
Para percebermos as relações históricas entre estes dois países, temos de recuar ao passado.
A Ucrânia foi um protetorado russo do século XIX, tendo assim uma ligação com o império russo desde este mesmo século.
Em 1918/1919, ocorria em solo soviético a revolução vermelha, a revolução comunista bolchevique. Nos entretantos, com a guerra Polaco-Soviética, a Ucrânia como região pertencente já a uma ótica de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), participou ativamente na guerra, colocando o seu território em risco contra a 2.ª República Polonesa.
Como fim destes conflitos foi declarada a ‘Paz Riga’, a Ucrânia foi dividida, sendo adquirida pela Polónia um pouco do seu território e o restante para a criação de uma República Socialista Soviética em 1919.
Já em 1922, a parte sobra do território ucraniano tornou-se pertencente à URSS, considerada uma das maiores Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Deu-se a formalização da União Soviética e desde 1922 até 1991 a Ucrânia pertenceu à URSS, tendo apenas se separado com o colapso da União Soviética na época em que liderava Mikhail Gorbachev.
Dentro do processo do império russo, com os planos quinquenais (planos que regulavam os investimentos do estado para áreas específicas), com a coletivização dos campos e muitos outros motivos no decorrer da sua história, as fomes e as mortes que estas trouxeram à Ucrânia eram frequentes e devastadoras.
Tratando por este período por Holodomor (holocausto Ucraniano), verificaram-se dos mais horrendos momentos da história mundial. Pessoas sem terem como se alimentar definhavam até à morte. Enquanto o holocausto se caracterizava por ser uma ‘máquina de morte’ para as populações indesejadas pelos nazis, o Holocausto foi um período ‘ceifador’ para as populações ucranianas.
Esta panóplia de desgraças azedou e envenenou as relações entre a Ucrânia e a Rússia, causando extrema revolta das populações ucranianas. Apesar de tudo, a população de ambos os países se tratam como irmãos.
Após explicar a deturpação das relações passadas entre a Ucrânia e a Rússia, retornemos ao presente.
“Em 2013 ocorreu no país (Ucrânia) o Euromaiden (Europraça), uma série de protestos que exigia uma maior aproximação com a Europa Ocidental, e resultou em 2014 na chamada Revolução Ucraniana, quando o presidente Viktor Yanukovich, aliado aos interesses russos, foi deposto”, professor Pedro Renó– 2022
Isto gerou a necessidade de um Governo Provisório em nada favorável à Rússia, não sendo, claramente, por esta.
Deu-se a invasão da Rússia em 2014 na Península da Crimeia a qual lhes permitiria chegar ao Mar Mediterrânio, alcançar o Mar Negro e aos Balcãs. Isto tudo é muito favorável aos russos e facilmente alcançado a razão pela qual a Rússia liderada por Putin o fez. Contudo este tentou desmentir a razão da sua investida, afirmando que seria por proteção dos russos-ucranianos que anexou a Crimeia ao território soviético, ratificando a 1 de janeiro de 2022, se o reconhecimento ucraniano.
A Atualidade
Em pleno 2022, esta instabilidade entre as duas nações perdura. Cada vez mais se vê a tentativa de aproximação da Ucrânia ao ocidente, desta vez através da NATO.
A NATO foi criada em plena guerra fria como aliança militar que pretendia em caso de ataque de um dos seus membros, os restantes uniram forças para o proteger. Foi fundado como forma de proteger as democracias capitalistas ocidentais da ameaça comunista.
Putin quer invadir Kiev com o argumento desdenhoso de questionar porque a NATO se mantém na fronteira (para impedir a expansão do comunismo ao ocidente e proteger de eventuais ataques) se acabou a guerra fria. O que este pretende é o afastamento da NATO das influências e das regiões próximas ao seu território. Biden, presidente dos EUA, afirma uma possível invasão russa a Kiev. Este já avisou que terá imensas sanções económicas e o envio de um contingente militar bem como de material bélico para que os ucranianos se defendam.
Contudo nem tudo é tão linear.
A Rússia possui dos maiores aparatos nucleares do mundo sendo isso bastante perigoso. Além disso, ela fornece cerca de 43% do gás natural que abastece a Europa.
Por tudo isto torna-se num jogo de xadrez geopolítico maldito. Cada passo influencia os “status” gerais e cada movimento tem uma contrapartida. A Alemanha por ser tão dependente do gás natural russo, colocou-se contra o plano de sanções dos EUA pois essas sanções económicas dificultariam a alimentação da indústria alemã.
“A China, das grandes potências mundiais, defende a estabilidade da Ucrânia, por ser parceira comercial, mas é contra as sanções dos EUA à Rússia”, professor Pedro Renó – 2022.
Contudo, ainda é cedo para fazer prognósticos pois o jogo mal começou. Putin declara independência aos territórios separatistas da Ucrânia (Donetsk e Lugansk) e propõe a retirada de tropas da fronteira ucraniana, chamando à atenção da NATO como causadora do conflito dado estar presente perto das suas fronteiras o que causa atrito entre as duas ideologias.
Tanto os EUA como a Rússia estão ambas em posição de defesa pois não se sabe como seria um possível conflito entre ambas dada a grande escala do conflito, alicerçado nas tecnologias atuais.
Teremos de esperar e rezar pelo melhor pois só Deus sabe o que virá depois.