Não gosto de maiorias, sobretudo quando essas, por isso mesmo, se confundem com ditaduras.
Há dois mandatos com maioria, a Junta de Freguesia de Fiães, perdeu, nas últimas eleições esse estatuto. Ainda bem...ou nem tanto.
Nesses dois mandatos, pouco produtivos para a freguesia/cidade, o marasmo instalou-se no poder e nem mesmo um filho da terra como presidente da Câmara Municipal da Feira foi capaz de inverter essa onda de ostracismo a que foi votada a cidade.
Há meses iniciou-se nova vida autárquica. O executivo deixou de poder governar (ou desgovernar) a seu belo prazer. Agora precisa do aval da oposição. Pelo menos de uma parte dela. E quando se esperava que, finalmente, os interesses de Fiães fossem bem defendidos, eis que se anunciam dois dos maiores atentados ao progresso desta terra, que em tempos remotos foi governada por um bispo germânico de nome Úlfila, e onde reza a história esteve sediada a cidade romana de Lancóbriga.
Vamos aos factos: no edifício do Inspetor, secular e apalaçado, que é um símbolo de Fiães, projeta-se uma requalificação que mais não é que o seu assassínio. Instalar lá os serviços da Junta de Freguesia e, pior que isso, construir um salão para menos de uma centena de pessoas, é desvirtuar o edifício. Mais grave ainda: mexer na estrutura pode ser uma tragédia, uma vez que, segundo alguns entendidos em construção civil, o edifício corre o risco de ruir.
E para quê gastar quase um milhão de euros numa obra que não tem o mínimo de sentido, quando se sabe que as instalações atuais permitem a instalação de todos os serviços e permite, ainda a construção de um verdadeiro auditório, e não apenas de um salão, que para pouco mais servirá que de sala de reuniões?
Já lá vão uns meses e sobre o assunto nada se ouve da oposição. Será que esta anda distraída ou foi silenciada por valores que não se compadecem com o bem-estar das populações e do seu progresso?
Não menos grave é o que se está a preparar para as três casas (foto) que estão em ruínas junto ao arraial da igreja.
Pela voz do presidente da Câmara foi dito há tempos que esses edifícios iriam ser comprados pela Autarquia para alargamento do arraial. Caso não fosse possível o acordo com os proprietários, a Câmara iria para expropriação dos mesmos. Aliás, Emídio Sousa chegou a afirmar que esse processo já estava em curso.
Agora, porque ‘valores mais altos se levantam’ já se fala na construção de um ‘comboio de apartamentos’, com uma bainha de estacionamento. Mais uma vez está em forja um atentado contra o progresso de Fiães. E são estes senhores que estão no poder que se dizem defensores das terras que governam.
Também neste caso espera-se que a oposição saiba impor o seu poder. Porque, se os fianenses retiraram a maioria ao executivo, foi porque queriam uma mudança. E se essa oposição não protagonizar essa mudança a culpa não pode ‘morrer solteira’. Será, em última análise, de todos nós, que nas urnas não soubemos escolher os melhores. Aqueles que, antes dos seus interesses, e os dos seus partidos, atentam nos interesses da comunidade.
Fianenses: ainda estamos a tempo de evitar esses dois atentados. Impedi-los é a obrigação de todos nós.