Gouveia e Melo apresentou-se à frente da task force da vacinação, fardado, não para pôr ‘gente em sentido’, mas pelo respeito que tem pela instituição a que pertence. Ao apresentar-se fardado para exercer as funções de coordenador da task force, para que foi convidado, Gouveia e Melo surpreendeu-nos a todos. Mas, depois da explicação que deu publicamente, sobre a razão por que o fazia, o povo português ficou esclarecido e aceitou-o muito bem. Gouveia e Melo, não é por ser militar que é mais credibilizado. Porque o exercício da política deve ser tão credibilizado como as Forças Armadas. Porque, se os militares são credibilizados perante a opinião pública, isso deve-se à sua postura. E o mesmo deveria acontecer à classe política. O que é preciso é uma classe política credibilizada, que mereça o respeito do povo.
‘O Almirante das vacinas’ foi o homem forte, que tomou conta do leme da task force da vacinação em Portugal, na hora certa, depois do arranque pelo seu antecessor, Francisco Ramos, numa fase difícil do processo. Foi uma fase difícil, porque o sistema de saúde não tinha condições para uma operação centralizada com estas dimensões. Foi preciso criar um sistema central, com indicadores corretos e organizados, de forma a fazer agendamentos e convocatórias, que dessem a percpção de que tudo estava a correr bem. Teve algumas dificuldades, porque não existiam capacidades disponíveis para o que era pretendido, o que o obrigou a fazer algumas adaptações, numa espécie de ‘combate’, sem adversários. Nada que lhe fosse alheio. É certo que teve todo o apoio do Ministério da Saúde, uma boa relação com as três Ordens dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, e um apoio extraordinário dos autarcas. Mas, o difícil era manter a ‘máquina’ a funcionar em pleno, para que a vacinação decorresse cada vez melhor e em força, coisa que ele conseguiu de forma extraordinária. Foi uma ‘batalha’ extraordinária, ao ponto de ganhar toda a confiança do povo português, e de modo particular, dos mais jovens, conseguindo os objectivos previstos antes do tempo a que se propôs. E, se isso foi importante para o povo português, foi também importante, pela imagem que Portugal deu ao mundo, de sermos dos melhores na luta contra a pandemia do Covid-19.
Tudo isto ele conseguiu, (a par do ministério da Saúde e da Direção-Geral da Saúde), não porque a vacinação fosse obrigatória, mas porque tudo soube fazer para convencer as pessoas, da importância da vacinação para a saúde de todos. Gouveia e Melo disse, que o que trouxe ao processo, não foi a técnica de vacinação, nem o conhecimento em saúde pública. Mas foi “o modelo de organização que permitiu vencer uma batalha logística em termos operativos puros”. Como é ambicioso, (disse), que consegue realizar coisas, mas não pretende ter cargos políticos. É um homem simples, não gosta de festas, nem de palmas. Segundo disse: cresceu a ouvir o pai a dizer que a profissão mais nobre era ser político. Porque se dedicavam à causa comum. Mas, ele encontrou uma profissão que tem essa nobreza: “a causa comum que é o nosso povo, a garantia da Constituição, a defesa do território, acrescida de um significado especial – se for necessário, dar a vida por essa causa”.
Ora, aí está: o que nós precisamos é de políticos, que sejam nobres, mas que sejam capazes de, (não digo de dar a vida), mas, de fazer obras de mérito para a vida dos portugueses. Políticos, (ou não), homens como Gouveia e Melo, capazes de saber coordenar políticas que produzam riqueza e desenvolvimento para o bem-estar do povo português.