Por decisão minha, tomada, desde que fui conhecendo os meandros da política, até hoje, nunca me embrenhei nesta matéria, e nunca me arrependi. Antes, pelo contrário, até costumo dizer: “sinto-me muito feliz por não ter ‘embarcado’ na política e por ter deixado a ‘paixonite’ do futebol”. Mas, hoje, depois do que aconteceu com a votação do Orçamento do Estado (OE) para 2022, não resisti ao ‘comodismo’, de deixar que outros falem, escrevam e se derretam a dar palpites sobre quem foram os culpados do que aconteceu, e como vamos sair disto; e, decidi pronunciar-me, também, sobre o que penso que possa ser o melhor dos males maiores, à vista.
O que aconteceu, (caso único na história da democracia portuguesa), foi mau de mais, para que fiquemos calados e que, cada um não se manifeste sobre o que pensa, sobre qual o melhor caminho para podermos vir a sair desta crise. Pois, eu quebrei o meu silêncio e vou manifestar algo do que penso, (sem me debruçar sobre os verdadeiros culpados), do que penso, que poderá ser o melhor que venha a acontecer, para a situação de crise não se arrastar por muito tempo, o que seria muito mau para todos nós, portugueses.
Mas, antes disso, vou focar algumas afirmações dos principais políticos que tiveram responsabilidade no caso e, de outros que, se consideram de fora e, ‘lavam as mãos como Pilatos’. Jerónimo de Sousa disse: “O aumento geral dos salários é uma emergência nacional, que exige o aumento do salário mínimo nacional para 850 euros e dos salários na Função Pública”. Catarina Martins disse: “Se amanhã não houver um OE aprovado, é porque António Costa não quer. Fez a sua escolha, mas ir para eleições é a escolha errada”. Rui Rio disse: “A coligação faliu e o presidente diz que se não houver OE vamos para eleições. Como quer governar com este cenário e não se demitir?” – (Referia-se a António Costa).
António Costadisse: “Se a maioria que se formou em 2015 se considerar esgotada, isso para mim é uma enorme frustração pessoal. Assumo isso, porque acreditei que esta maioria tinha um enorme potencial”. Todos se julgam com razão, porque a razão é uma palavra muito abrangente, mas, mesmo assim, não dá para abranger tudo o que se quer. Todos queremos aumento dos salários e das pensões, no máximo possível, (venha o dinheiro donde vier). Mas não, não é possível pôr agora a maioria das pequenas e médias empresas a fazer o ‘milagre’… ‘de um dia para o outro’, produzirem mais para poderem pagar os aumentos dos ordenados pretendidos … (e que, bem seriam desejados). E quem governa, sabe, (ou deve saber), as linhas com que se cose, (julgo eu). Todos sabemos que o país está ‘roto’… e, se for dar ‘um passo maior do que a perna’, fica todo ‘esfarrapado’.
Isto das políticas é coisa que não é fácil de entender, para todo o cidadão comum. ‘Cada um puxa a brasa para a sua sardinha’. E todos se consideram com razão nas políticas que defendem. Os da Esquerda dizem que estão no caminho certo. E os da Direita dizem que eles têm uma política errada. E vice-versa. Todos têm razão, cada um sob o seu ponto de vista. Enquanto uns querem tudo para os mais necessitados, desprezando aqueles (e só aqueles) que podem produzir para ambos, com o trabalho dos dois; outros querem sempre mais, não se preocupando com os que menos têm, e que mais trabalham.
E assim é difícil termos uma sociedade mais equilibrada, para que todos possam viver minimamente bem. Ora, a crise está implantada e as expectativas de sair dela não são as melhores, segundo parece. Se houver eleições antecipadas e quando elas vierem, se houver de novo, um partido que ganhe à Esquerda, mas sem maioria, parece que está provado que não haverá coligação. Se for um partido que ganhe á Direita, mas sem maioria, também não se sabe se terá possibilidade de formar coligação. E em ambas as situações o problema é o mesmo: torna-se difícil qualquer um deles governar sem sobressaltos, com minoria.
Logo, o povo tem de pensar bem ‘para onde quer cair’ e votar num partido, de Direita ou de Esquerda, mas que venha a ter uma maioria, para poder vir a governar com estabilidade. Esta é a minha opinião. Seja ele de Direita ou de Esquerda, (eu sei em quem vou votar), cada um vote num partido que entenda que pode vir a alcançar a maioria.
Eu sei que há quem não defenda as maiorias. E quando não há maioria, a regra é fazer coligação. E na União Europeia há vários países com governos coligados com mais do que um partido, e com acordos parlamentares. Mas, parece que em Portugal isso não é viável. Pelo menos foi o que aconteceu com a ‘Geringonça’. Por isso, penso que nesta altura, só pode ser a nossa salvação, uma maioria, de Esquerda ou de Direita.
Feita esta minha manifestação sobre política, espero não ser mal interpretado pelos leitores desta crónica e prometo voltar ao meu silêncio sobre esta matéria.
Por fim, só mais uma coisa me permito recomendar a todos os cidadãos deste país: votem, porque o voto é um direito importante, que foi conquistado com o 25 de Abril de 1974, e devemos usá-lo como ‘arma’ de luta pelos interesses de todos, principalmente dos mais necessitados. Se quer protestar… vote em branco, mas vote sempre.
Muito obrigado.