No passado domingo 10 de Outubro, na sede da Junta de Freguesia de Santa Maria da Feira, realizou-se a cerimónia da tomada de posse dos novos órgãos da União de Freguesias de Santa Maria da Feira, Travanca, Sanfins e Espargo.
Foi no mínimo original o discurso de Fernando Leão, reeleito para o seu último mandato como presidente da Assembleia da União. Sem receio de cair no exagero pode-se mesmo considerar que, dado o inesperado, esta intervenção roçou o patético.
Foi o discurso de um homem amargurado, cansado, que acabou por admitir poder vir a renunciar para dar o lugar a outro mais fresco, demonstrando assim que andou a defraudar quem nele confiou e nele viu um líder para, como prometeu, renovar o “nosso compromisso de dar continuidade àquele que é o nosso grande projeto: uma União, cada vez mais unida e forte”.
Mas basta determo-nos com alguma atenção no rol das promessas apresentadas como engodo em luxuosas parangonas para concluir que já pairava na sua mente a ideia de renúncia. Farsa ou bravata? O futuro dirá…
Contrariando o slogan do “orgulho” pelo trabalho feito, “respeitando as diferenças e promovendo a igualdade entre as nossas freguesias”, acabou por admitir que tudo aquilo que os opositores à sua candidatura andaram a lembrar aos eleitores da União sobre a ineficácia da sua longa acção mais não era do que uma triste realidade. Pena foi que o discurso tivesse surgido tão fora de tempo.
Aceitou não ter sido capaz de resolver o candente problema do túnel dos Passionistas — que parte a cidade ao meio — apesar da proximidade política que existe entre a Junta que dirigiu e o executivo camarário. Aceitou até que sabendo-se ser este um problema que depende da intervenção governativa, as entidades locais que deveriam pugnar pela sua resolução tiveram um papel muito passivo.
Revelou ir no futuro bater-se pela resolução de um problema tão candente, que tem infernizado a vidas das pessoas durante estes mais de quarenta anos e que até já tem uma maqueta espetacular.
O presidente reeleito, numa evidente declaração de impotência que contrariava a prosápia da obra feita, aproveitou para sublinhar aspectos a melhorar no território, principalmente (?) na cidade de Santa Maria da Feira, como as ruas, limpeza e mobilidade.
“Temos que proporcionar condições para as pessoas com mobilidade reduzida”, evidenciando que “quero a melhor qualidade de vida para os cidadãos das freguesias de Santa Maria da Feira”. Foi a evidente aceitação de um certo “favoritismo” pela sede do município, em detrimento das demais freguesias que integram a União e que os eleitores destas ignoraram, dando-lhe a devida resposta.
Disse estar nas suas cogitações propor uma reunião mensal com o chefe do executivo, para fazer o ponto da situação, declarando que “não lhe vou dar sossego nos próximos tempos”.
E, então, inesperadamente declarou: “se porventura acontecer a meio do mandato o presidente não cumprir com parte do objetivos que o Município tem que cumprir, demito-me do lugar como presidente da junta. Levo na cabeça todos os dias, porque os cidadãos fazem queixa à junta e parte das responsabilidades são do Município. Já não aguento ser amortecedor de tanta coisa”.
E rematou dizendo: “serei implacável!”