A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Cuidados Paliativos (CP) como uma abordagem global que responde ativamente aos problemas decorrentes de doença grave, prolongada e ameaçadora da vida. Estes têm como objetivo a prevenção e o alívio do sofrimento através da identificação precoce e tratamento adequado de problemas físicos (como a dor), psicossociais e espirituais.
Os CP são prestados por uma equipa multidisciplinar constituída por médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, fisioterapeuta, assistente espiritual, entre outros. A ação desta equipa assenta em quatro pilares fundamentais: controlo dos sintomas, comunicação, apoio à família e trabalho em equipa, sendo igualmente responsável pela interface com outros parceiros de cuidados.
Eles não atrasam nem antecipam a morte, se não antes visam melhorar a qualidade de vida do doente e família durante a vida, até à morte. Posto isto, ao contrário do que se possa pensar, estes cuidados não são somente benéficos no fim de vida, devendo ser introduzidos tão precocemente quanto possível no curso de uma doença crónica, assumindo-se uma transição progressiva e cooperativa entre os cuidados curativos e aqueles com intenção paliativa.
Com o aumento da esperança média de vida e das doenças crónicas (cancro, insuficiências de órgão, demências, doenças cardiovasculares, etc.) exacerba-se a necessidade deste tipo de cuidados, sendo premente o desenvolvimento dos mesmos no Sistema Nacional de Saúde. Alguns estudos apontam inclusivamente que este tipo de cuidados reduzem os gastos em saúde, priorizando o bem-estar do doente e família, a autonomia destes e a compaixão.
Em Portugal existem diferentes tipologias de CP que se articulam em rede: as unidades de internamento, as equipas intra-hospitalares de suporte a adultos e à população pediátrica e as equipas comunitárias. Embora atualmente todos os distritos tenham pelo menos um recurso em CP, a insuficiência nesta matéria é muito expressiva. O concelho de Santa Maria Feira beneficia de uma equipa intra-hospitalar de suporte em CP no Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga, carecendo, porém, de recursos na comunidade.
A palavra de ordem é humanizar, pelo que urge o reconhecer a importância dos CP, conduzindo à ampliação de toda a rede.