Sem surpresa — porque se aproximam tempos que propiciam algumas destas realizações, que mais não visam que obter ganhos políticos — proliferam obras por tudo quanto é lado. São, no dizer dos autarcas no poder, “obras de requalificação”.
Mas serão mesmo de requalificação? Algumas são. Outras, mais não são que uma forma encapotada de dar a ganhar alguns milhares a empreiteiros do regime, isto é, aos que subsidiam as campanhas eleitorais, normalmente dos autarcas recandidatos.
Por isso é que, como facilmente se poderá constatar por este concelho, essas obras são mal feitas, quantas vezes com materiais de qualidade duvidosa e, pior que isso, algumas constituem um perigo para os que as passam a utilizar.
Porque conhecemos melhor — mas o que se passa por estes lados não diverge do que acontece por todo concelho — atentemos nas “obras de requalificação de Fiães”. Não discutimos o projeto, que quase acabou com o estacionamento na cidade, criou muitos e largos passeios — será para servirem de parque de estacionamento? — sentidos únicos (alguns discutíveis), mas complicou a vida ao comércio local, que não vive dias felizes, em suma, criou um leque de desvantagens para quem precisa de se movimentar na cidade, utilizando veículo motorizado.
Pior que tudo isto, que não é pouco, veja-se como estão pavimentadas algumas ruas da cidade. Será que a Câmara Municipal não tem fiscais de obras, capazes de ver aquilo que qualquer leigo na matéria vê, sem precisar de procurar muito? E o senhor presidente da Câmara, distinto filho da terra, não viu como ficaram pavimentadas as ruas Santo Amaro e da Igreja? Ou será que Emídio Sousa, tal como os seus subordinados (fiscais de obras) tem medo do empreiteiro. Há quem diga que quem manda na Câmara são os empreiteiros (do regime). Francamente não vou tão longe. Mas, ao saber que há meses, confrontado com a chamada de atenção de um fianense acerca do estado dessas duas ruas, o presidente garantiu que ia dar ordens para que todo o piso fosse levantado e devidamente recolocado, e nada foi feito, começo a duvidar do mando presidencial.
E já agora, o que dizer das guias dos passeios, algumas antes em granito, agora todas em betão, que pouco tempos após a conclusão das obras já mostravam sinais evidente de degradação?
Acercas destas “obras de requalificação” muito mais haveria para escrever. Deixemos isso para aqueles que num futuro próximo vão estar na luta pelo poder. Pode ser que da ‘discussão nasça algo de positivo’.
Falemos, agora, no que está a ser projetado pelos autarcas locais. Diz-se que a Junta de Freguesia está a pensar construir um auditório no edifício da Quinta do Inspetor. Espero que não seja verdade. Aquele edifício deve ser preservado, embora se exija a sua recuperação. Mas não é transferir para ali a sede da Junta de Freguesia que resolve o problema. Alguém, com conhecimentos sólidos na terra, advoga que é na atual sede que a Junta deve continuar, pois espaço não falta. Apenas se exige obras e uma negociação com a Segurança Social que as possibilite.
Gastar cerca de meio milhão de euros num auditório para 90 pessoas no Edifício do Inspetor (não passará de uma sala de reuniões) é um atentado aos interesses de Fiães, e a morte de um edifício que deve ser preservado.
Senhores autarcas: tenham juízo. Pensem no futuro, mas não destruam o passado.
E já agora: não permitam que obras que devem ser bem feitas sejam ‘abandalhadas’ pelos interesses de alguns ‘amigos de ocasião’.
Como diria o ‘mister’ Octávio: “vocês sabem o que eu quero dizer”!