Nos últimos tempos tive a oportunidade, não sei se positiva, de ler e ouvir em diversas plataformas de comunicação social vários comentadores a debitarem alguns considerandos que não quero deixar passar em claro.
Primeiramente, tivemos aqui neste honorável jornal, um artigo de opinião onde o articulista pedia, gritava, ansiava que todos se juntassem em bloco a um partido de esquerda. O dito escritor defendia que todos juntos, naquele bloco, é que detinham os valores positivos do mundo. Sim, ali é que era defendida a ecologia, os direitos do homem, a luta contra todo o mal que ataca a humanidade.
Seguidamente, numa estimada rádio local, presumo do mesmo bloco de ideias leio: a questão dos almoços das cantinas é uma questão ideológica.
Para juntar a este belíssimo ramalhete, também aqui, li a opinião de um jovem, um bem-haja para tanto entusiasmo, que escreveu sobre a água. Escreveu o dito ativista de esquerda e ambientalista, que é objetivo de os liberais privatizar a água e só ter acesso a ela quem paga.
Gostaria de dedicar umas breves palavras a estas três questões, mas sem as separar. Não as separo porque todas têm por base a questão ideológica. Eu, mas isso sou eu, não coloco os assuntos no mesmo saco ideológico para tentar vender o meu produto.
No entanto, permitam-me duas considerações e uma resposta mais alargada na questão da água.
Primeira: dizer que certas questões são inteiramente da propriedade de um partido é desfasado da realidade, é uma frase do século passado e cheira a mofo.
Segunda: o tema das refeições escolares, é unicamente uma questão de cumprir o caderno de encargos por parte do fornecedor e fiscalização por parte de quem contrata.
Relativamente à questão da água, é estranho que um defensor do ambiente defenda água a custo zero. Deveria saber que o preço da água implica muitas vezes o desmotivar do esbanjamento.
Depois, segundo o nobre comentador, os liberais querem privatizar a água e só terá acesso a ela os ricos que a podem pagar. Estranho que neste bloco de ideias não tenha sido incluída a tarifa social da água que permite acesso a preços reduzidos a quem tem dificuldades em pagar.
No entanto, sou capaz de compreender a ideia desta afirmação. Como sabemos, nos países liberais, como é o caso de países de terceiro mundo como a Holanda, a Irlanda ou a Dinamarca, todos os dias os camiões da ONU escoltados pelos Capacetes Azuis, distribuem água pelos pobres. Enquanto isso na Venezuela, que o Bloco tantas vezes defendeu (e defende, mas agora estão caladinhos) pátria de Bolívar e berço da democracia, não falta água, electricidade, alimentos, medicamentos e combustível.