Marcelo Rebelo de Sousa ganhou as eleições para um segundo mandato como Presidente da República de Portugal. Votei no professor na anterior eleição e encontrava-me mais que decidido a não lhe confiar mais o meu voto, até que assisti aos debates…
A pouca ou quase nenhuma campanha eleitoral, protagonizada pelos candidatos, porque o professor, só mesmo nos últimos dias tomou a decisão de sair à rua, em poucas e tímidas apresentações, com um único objectivo, o de não macular a imagem do candidato, associando-a a uma ideia de um candidato arrogante de ‘vitória no papo’, confirmariam a minha decisão de voltar a confiar o meu voto no professor.
Exceptuando Tiago Gonçalves e Vitorino Silva (este último não acrescentando nenhum factor positivo para o debate político ou para o futuro de Portugal. É o voto de protesto na pior opção. Acredito que mais vale não votar ou votar em branco. Comigo nem rãs, nem sapos…), todos os outros candidatos, todos sem excepção, pertenciam a duas correntes perigosas para a democracia portuguesa, já de si tão enferma. Caso tivéssemos a infelicidade de uma dessas correntes ganhar, o futuro apresentar-se-ia mais nebuloso, até mesmo perigoso para os principais alicerces da democracia portuguesa.
O extremismo da esquerda ou da direita eram as propostas do Joãozito do PCP, Marisa Matias do BE e a estragar a pintura deste óleo sem qualidade nenhuma democrática, tanto Ana Gomes, como André Ventura – até mesmo Marisa Matias –, tinham em comum o pior que a política actual nos tem servido, o populismo barato e despudorado que revolta, chegando em certas personalidades, como André Ventura e Ana Gomes, a criar repulsa enjoativa.
Atento às entrevistas e aos debates, registo que foi muito mau, empobrecido e em especial com muita confusão sobre as funções e poderes presidenciais.
Na RTP, as supostas entrevistas conduzidas pelo jornalista João Adelino Faria representam tudo o que de pior há na imprensa, um jornalista a quem foi outorgado, não sabemos por que poder, o papel de ‘juiz dos candidatos a Presidente’, muito em especial com André Ventura e também Marcelo Rebelo de Sousa, só lhe faltava o martelo…
O seu desdém pelo candidato André Ventura não foi sequer evitado no acto da entrevista, colocando mal o entrevistador e o canal que representa. Foi grave e vergonhosa a ausência de isenção e profissionalismo a que deveria estar obrigado, fosse com quem fosse, gostasse ou não da pessoa a entrevistar e do projecto apresentado aos portugueses por esse candidato.
Sem generalizações, não posso deixar de reconhecer que se trata de um problema que paira na imprensa nacional e regional, a existências de muitos ‘joãozinhos fariinhas jornalistinhas’.
Vamos às razões por que me encontrava completamente decepcionado com o professor Presidente.
São várias, muitas, demais até.
A principal é infelizmente não sabermos onde começa e acaba a Presidência e o Governo. Misturaram-se de tal forma que mais parecem dois em um. Foi um apoio incondicional, mesmo quando não deveria ter existido, para bem do regime.
Os dois últimos casos mais badalados são a morte do cidadão estrangeiro às mãos do SEF e o da ministra da Justiça, e seus ‘lapsos’ e ‘falsidades’. Note-se que estes dois últimos casos abalaram e muito a imagem de Portugal para lá das nossas fronteiras. Não fosse a pandemia, as consequências decerto teriam sido outras…
Mas há mais e não menos graves. Tancos, a gestão da pandemia, a mentira das vacinas da gripe, a impreparação com que enfrentamos a segunda e terceira vaga da pandemia, quando meses antes, Presidente e primeiro-ministro andavam de mãos dadas a apregoar refrescos nos bares de praia e, mais tarde, castanhas assadas na rua: “saiam, consumam, passeiem que está tudo uma maravilha, prainha que faz bem a saúde…”. Tontos e irresponsáveis, como diz Marcelo Presidente sobre a personalidade de António Costa: “uns optimistas irritantes”.
O meu primeiro choque com o meu Presidente foi com os incêndios, mais precisamente depois. A partir desses dias ‘negros’ foram mais a decepções que as alegrias.
Não nego que a questão ‘burlesca’ da obsessão fotográfica também me irrita um bocado, mas é um problema de somenos. Para quem se lembra de Marcelo taxista e nadador e outras coisas, só tem de levar esta obsessão na desportiva, mas em dias de menor pachorra irrita. Às vezes ficamos com a ideia que o nosso Presidente está nos portões do palácio a implorar aos que passam: “vai um selfiezinha com o Presidente?”
Por tudo isto, tinha decidido, que caso o professor voltasse a ser candidato eu não daria o meu voto a Marcelo Rebelo de Sousa.
E o que me fez mudar? A resposta é fácil. A qualidade dos restantes candidatos e, muito mais grave, o perigo que representavam para a nossa democracia.
Realmente na presença de tais ‘energúmenos’ não tinha outra opção, era urgente e imperioso que o professor ganhasse e tivesse uma vitória substantiva. Era urgente para a democracia que o popular(usco) Marcelo Rebelo de Sousa ‘batesse’, derrotasse os perigosos populistas André Ventura e Ana Gomes. E bateu, forte e feio, e quem mais apanhou, numa derrota verdadeiramente vergonhosa, foi Ana Gomes, a pior e a mais perigosa populista, lado a lado com o André Ventura.
Ana Gomes protagoniza o pior do populismo. Escusa de acusar André Ventura porque está ao mesmo nível que o seu rival declarado. Tenho até a certeza de que Ana Gomes seria, é, muito mais perigosa para a democracia do que André Ventura. Ana Gomes é o estilo de personalidade sem carácter, aqueles que instigam a maledicência, atiram a pedra e escondem a mão. O seu ar cínico de mulher despeitada num projecto político que abraçou já tardiamente, mas que não lhe perdoou as infidelidades e inconfidências da ‘Aninhas’.
- Tal como André, quis-nos fazer crer que estava a cumprir um compromisso, feito no leito de morte a um moribundo. Não deixou de usar o ‘argumentozinho’ “toca ao coração do povão sentimental”. O André acredita que é um instrumento da vontade de um Deus, qual eu não sei, ele também não nos disse.
- Tal como André, serviu-se da mesma tática com a qual tinha sido ‘estoqueada”’e atacou o adversário à sua frente.
- Pior que André, deixou bem presente que com ela a vontade de um povo presente no acto eleitoral tem pouca a nenhuma importância e estava disposta a suspendê-la pondo no poder, não o eleito, mas aqueles que defendessem a sua ideia distorcida de democracia.
- Tal como André ou pior, para Ana Gomes o combate pela democracia não se faz com a discussão diária na confrontação dos ideais. A democracia, a dela, impõem-se e quem não a aceitar, não passa de um animal.
De tudo e muito que Ana Gomes tem de mau, e que acredito só poderá nivelar no pior dos escalões o combate político, uma coisa é certa, não lhe podemos escamotear o seu currículo como diplomata. Ao lado do rival, Gomes faz do Ventura um ‘Andrézinho’. E é exactamente por isso que a sua derrota é ainda mais pesada.
Ana Gomes pelo seu passado tinha mais responsabilidades que o histérico miúdo mimalho André Ventura. Tinha outras obrigações que não consigo atribuir a um comentador ‘futeboleiro’ benfiquista. Tinha a obrigação de elevar o debate e o discurso, mas elevar é coisa que a ‘Aninhas’ socialista esquerdista radical jamais conseguirá.
Foram estes dois perigosos populistas que me fizeram mudar de ideias e decidir pelo professor.
É evidente que não posso negar, muito menos deixar de referir, a elevação política que conferiu aos debates e os excelentes argumentos usados por Marcelo para responder, com um valente puxão de orelhas, a André Ventura e Ana Gomes. São dos melhores momentos, dos mais bonitos e interessantes que me foram oferecidos em campanhas eleitorais.
Marcelo esteve à altura, não só da educação que recebeu como também da brilhante carreira de professor catedrático.
Não tenho dúvidas, o senhor professor Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa salvou-nos a Democracia. Vamos agora ver como se porta o senhor Presidente.
Deus o ilumine e proteja, porque não vai ser nada, mesmo nada fácil.
O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico.
---