Cicatrizes, nome plural de origem latina, muito comum no nosso vocabulário diário e com consoantes fortes e de significado áspero e cruel. É o nome que se atribui a dores físicas ou morais que constantemente se apresentam em nossas vidas e quase sempre em momentos menos bons. As cicatrizes são tantas e tão variadas, até mesmo de origens desconhecidas, mas que marcam mais ou menos profundamente, duma maneira mais ou menos visível, mas sempre aguda e arreliadora.
Cicatrizes quem as não tem?
Essas marcas deixadas por acidentes variados que se reflectem no corpo ou na alma e só o tempo as vai desvanecendo com maior ou menor desembaraço e conforme a maneira de ser de cada um, na vigília constante da vida. Com o tempo vão ficando menos enodoadas no corpo e menos pungentes na alma, mas nunca esquecidas e sempre lembradas em ocasiões mais exigentes e tristes.
Cicatrizes, é afinal um nome que se dá a marcas deixadas no corpo ou na alma por qualquer atropelo que nos acontece ou nódoa de dor que abafa o coração, o faz chorar e levar lágrimas amargas aos olhos.
As cicatrizes são dolorosas em qualquer dos sentidos e sempre deixam marca, mais ou menos sentida e mais ou menos esquecida. Há, no entanto, marcas que nunca desaparecem e sempre que nos sentimos menos bem elas vão aparecer sarcásticas e acutilantes.
No decorrer da vida há pessoas que pela sua maneira de ser positiva, trabalhadora, assertiva e organizada conseguem superar tudo com alegria amorosa e com muita fé que sempre as acompanham. No entanto, há pessoas que sem alegria, sem amor, sem vivência básica aceitável e despojadas de esperança ficam sem capacidades para desvanecer cicatrizes más e continuadas.
E neste ano cheio de cicatrizes de todas as qualidades e feitios a Conferência de S. Vicente de Paulo de Santa Maria da Feira, na sua caminhada de ajuda e acompanhamento dos mais tristes, vem agradecer a todas as pessoas que com ela se associam a aligeirar cicatrizes que vão moendo e acabam muitas vezes com a noção do que é educado, correcto e normal. Criam ‘desestabilidade’ de vida, pobreza, ausência de amizade, enfim, afastamento de tudo aquilo que ampara e ajuda.
Para todo este desamor cicatrizante que existe, vamos este ano, todos juntos procurar celebrar um Natal da Luz e da Paz de Jesus prolongado no ano, talvez mais saudável e mais esperançoso.
A todas as pessoas que colaboram com a Conferência Vicentina um muito obrigado.
A todos mesmo, apesar das restrições que existem, nós, Vicentinas, agradecemos os peditórios da Igreja Matriz e da Capelinha de Campos, à Junta de Freguesia sempre pronta e presente, ao Senhor Padre Eleutério por aconselhamento constante, à Padaria e Pastelaria Alpina pelas dádivas de doces e salgados que tanto consolam e deliciam os nossos protegidos, ao Lions Clube, que pela primeira vez nos prestou a sua caridade amorosa, ao Jornal Correio da Feira, arauto velhinho da voz feirense que nos atende sempre na sua disponibilidade franca e natural, a todos os que se disponibilizam para dádivas anónimas, trabalhos, conselhos e chamadas de atenção para casos infelizes por nós desconhecidos, organização e transportes.
Agradecemos também a todos os que costumam ajudar, masque pela situação presente não o podemos fazer.
A todos vai um obrigado tão forte, tão forte mesmo de profundo agradecimento.
Num humilde contributo de graças, a Conferência Vicentina manda rezar sempre missas anuais em favor de todos estes apaziguadores de cicatrizes amargas e contínuas.
A todos os que no seu coração sentem amor pelos mais infelizes e de certa maneira lhes querem minorar cicatrizes, um muito, muito e muito obrigado.
Pela Conferência Vicentina de Santa Maria da Feira.