Não atravessamos tempos que nos inspirem muita confiança no futuro. A luta contra uma epidemia, que há cerca de um ano tem mostrado quão vulnerável é a raça humana, tem criado uma insegurança nunca antes sentida.
Mas como se esta pandemia não fosse suficiente para criar em todos nós essa insegurança, temos uma classe política que deixa muito a desejar. Veja-se o que se passa na campanha eleitoral para as presidenciais com alguns candidatos (há exceções) a mostrar que, na verdade, estamos muito mal servidos de políticos, ou melhor, que alguns desses candidatos até podem ter sido muito bons em algumas das suas funções já exercidas, mas que o seu perfil para o cargo a que se candidatam nada tem a ver com as suas competências.
Mas deixemos as presidenciais, esperando que o eleitorado não prime pela falta de comparência e no dia 24 vote massivamente, e abordemos outros temas, regionais e nacionais.
Comecemos pelos que nos tocam mais, pela proximidade. No concelho de Santa Maria da Feira, a pandemia não tem dado tréguas. Infelizmente muitos dos nossos conterrâneos já sofreram com ela, alguns deles até partiram, fruto de um vírus que tem causado grandes dores de cabeça a cientistas e a políticos.
No nosso concelho, a menos de um ano de eleições autárquicas, não têm sido muito notórias as manifestações que nos permitam pensar que está no bom caminho. Todas as obras há muito consideradas necessárias estão a hibernar. Continuamos à espera da requalificação da linha do Vale do Vouga, da requalificação da EN1, do melhoramento da rede elétrica, completamente obsoleta em muitas das freguesias e, pasme-se, até o tão apregoado saneamento básico continua por concluir, não obstante a propaganda camarária o ter dado por concluído há anos.
O ano que agora dá os primeiros passos vai ser ano de eleições. Dentro de alguns meses vamos começar a assistir a um chorrilho de promessas, ao aparecimento de algumas obras de fachada, ao asfaltar de mais algumas estradas, ao disfarçar de alguns buracos, em suma, vamos entrar num período no qual a promessa é fácil, mas a sua execução tarde ou nunca será cumprida.
E vamos assistir este ano, lá para setembro ou outubro, ao ressurgir de mais alguns políticos concelhios que na busca de poder vão ignorar tudo o que o bom senso aconselha, e é vê-los bater-se por lugares para os quais não têm qualquer preparação, ou vocação.
Não é por acaso que, desde o 25 de Abril, o concelho da Feira é governado pelas mesmas cores. E se, nas primeiras eleições, a surpresa do triunfo dessas cores foi enorme, face aos candidatos na luta, já depois, só os erros de alguns conseguiram perpetuar o poder ainda hoje reinante.
Poder que, uma vez mais, parece ter o caminho isento de obstáculos a avaliar pelo que recentemente se anunciou.
Mas, como há dias ouvi de alguém que segue com mais atenção que eu a política concelhia, “é a Oposição que temos”.
Como estamos no início de um novo ano, desejo a todos muita saúde e muita paz. Para a Comunicação Social no geral, que está a atravessar um período de grandes dificuldades, mas sobretudo para este prestigiado e secular Correio da Feira, votos para que a normalidade surja muito em breve, para bem do concelho da Feira, que não pode deixar de contar com os relevantes serviços prestados por este órgão informativo.
Que ‘quem de direito’ não esqueça isso...