A chegada da vacina de combate ao Covid-19, tornou-se uma absoluta prioridade para o Governo PS, que já assumiu que será um tema presente na presidência portuguesa da União Europeia (UE), que se inicia em janeiro. Conhecidos detalhes do plano de vacinação, os próximos meses serão de exigência para o Governo, que terá de demonstrar ser verdadeira a promessa da ministra da Saúde de que não haverá margem para falhar. Um desafio que ao longo destes meses de pandemia, temos assistido a uma grande falta de coerência e de fiabilidade nas informações transmitidas quer por António Costa, quer pela ministra da Saúde Marta Temido.
A par de assegurar a equidade entre estados e garantir eficácia e segurança na vacinação, cabe ao Governo uma comunicação constante e muito clara sobre o que está em causa. Durante meses, foi repetida à exaustão, sempre que eram anunciadas medidas, a expressão "até que haja uma vacina". A certa altura esta foi vista como a solução para todos os males, criando a expectativa de que de um momento para o outro seja possível retomar a tão esperada normalidade.
Não acreditamos que será assim, sabemos todos que durante estes meses fomos banhados com declarações do Presidente da República e da referida ministra, que prometeu manter a população informada "a par e passo" de todas as evoluções, falharam. Falharam na comunicação, falharam na execução, falharam na prevenção. O processo da chegada das vacinas até a sua administração, junto da população, vai demorar meses e está ainda cheio de incertezas. A começar pelo período em que estará garantida a imunidade, em relação ao qual não há mais do que hipóteses à espera de validação.
O processo contém ainda muitas incertezas, e desconfianças junto da população receosa, quanto a segurança da vacina. Quer por quem vai ficar de fora por razões científicas e esperava ser imunizado, quer por quem desconfia das vacinas por princípio – e mais ainda destas, desenvolvidas em tempo recorde. Garantir um plano de vacinação capaz de ‘seduzir’ e incentivar é crucial, iniciando o programa pelos profissionais de saúde, grávidas e crianças, por exemplo, para que a restante populacho compreenda a importância e abra portas a um processo que, sendo voluntário, exige particular clareza, confiança e transparência.
A vacina é um princípio de uma solução que se perspetiva, mas não é mais do que isso. E gerir expectativas, mais ainda quando nada permite baixar a guarda e se desenham medidas restritivas num período particularmente festivo como é o Natal, não é tarefa fácil.
Numa altura em que Portugal vai assumir a Presidência da UE, tendo em mãos uma falta de entendimento dos países como a Polónia e a Hungria, passa já a ter um desafio, de enorme importância, que põe a prova a fragilidade interna do Governo PS, que anseia a todo o custo com a chegada da bazuca. Esta, tarda em chegar, resta-nos apenas esperar e rezar para que não rebente em próprias mãos.