“É bom ser importante. Mas é muito mais importante ser bom” – Padre António Vieira
Passando um olhar, ainda que ao de leve, sobre o que se passou na última sessão da Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira, fica-se com a impressão de que o executivo laranja já conheceu melhores dias nesta sua já ‘eterna’ permanência na condução dos destinos municipais. Os seus membros, com o presidente à cabeça, devem estar a acusar o cansaço de tão longa e exaustiva permanência o que não admira, e é até natural, pois não são super/homens/mulheres!
Ou serei apenas eu a concluir tal?
Uma vez mais o já malfadado caso do estacionamento pago na cidade sede voltou à baila e não foi pelas melhores razões. Malfadado que é, também não admira! Mas, no mínimo, continua a ser pouco transparente a relação entre a empresa e o Executivo, para um espectador isento, mas atento!
Na sessão da Assembleia Municipal, o líder do CDS, Ângelo Santos, tomou da palavra no período antecessor à Ordem do Dia para apresentar uma recomendação referente à empresa concessionária do estacionamento pago na cidade de Santa Maria da Feira – P. Parques. “Defendemos a publicação dos movimentos mensais da concessão de estacionamento no site da Câmara Municipal”, começou por revelar, explicando, de seguida, o que o CDS pretende com a recomendação, mas não sem antes referir “a falta de transparência na execução do novo contrato a respeito dos pagamentos em dívida, que foram acordados em tribunal, mais o pagamento mensal de 40% da receita obtida por parte da concessão de estacionamento, que tem de ser paga pela P. Parques à Câmara Municipal”. O partido político defende que “o cidadão feirense tem o direito de saber se é efectuado o pagamento de 40% da receita por parte da P. Parques”, uma vez que este é obrigado a pagar o estacionamento, quando por ele é utilizado, e se não o fizer incorre numa coima. Neste sentido, Ângelo Santos sublinha que é um direito do cidadão feirense “saber se a P. Parques está em incumprimento e se o Município executa a sua sanção contratualizada”. Por este motivo, o CDS “gostaria” que os valores apurados mensalmente fossem divulgados.
Outro assunto que está a causar apreensão aos naturais de Calde de S. Jorge, e não só, é a difícil situação que atinge o autêntico ex-libris desta risonha freguesia.
Por essa razão, não causa espanto que Filipe Moreira (CDU) apareça a defender que as Termas deveriam ser geridas por inteiro pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, uma opinião igualmente corroborada pela representante do Bloco de Esquerda, Salomé Ventura. Por entenderem a importância da infraestrutura, estes dois partidos, juntamente com o PS, decidiram-se pela abstenção. A proposta do Executivo viria a ser aprovada com a muleta do CDS.
Por fim, mas não menos relevante nesta série de instantâneos santamarianos, surge-nos o conhecimento de que a “CÂMARA INJETA 848 MIL EUROS NA FEIRA VIVA”, devido “ao impacto brutal da pandemia” nas receitas da empresa municipal. Ainda face à dívida da Feira Viva para com fornecedores, esta vai pedir um empréstimo de mais de um milhão de euros. A decisão não foi aceite pela Oposição, que depressa a reprovou, falando em “má gestão”, “desresponsabilização” e em “plano de resgate”.
Filipe Moreira (CDU) foi o primeiro a mostrar o desagrado, mostrando-se preocupado com o futuro. “Estamos manifestamente preocupados. Como será a saúde da empresa no próximo ano? Por seu turno, o líder do CDS não teve dúvidas em proferir que o que está em causa “é uma má gestão do Município”, enquanto Pedro Alves (BE) frisou que “a empresa continua a apresentar prejuízos e é lamentável assistir a uma desresponsabilização da Autarquia”. Sérgio Cirino uniu-se aos demais, considerando que “O PS já vinha alertando para a questão das opções relativas à Feira Viva que estavam a ser tomadas, pois não nos pareciam as mais correctas. Infelizmente, o tempo veio dar-nos razão”.
Mostrando-se agastado com ataques que considera injuriosos, surgidos nas redes sociais, o presidente Emídio Sousa ameaça cidadão com acção judicial.
É latente o evidente ‘nervosismo’ instalado nas hostes laranjas, o que nos leva a concluir que só a esperança numa vida melhor que mobilize a maioria dos cidadãos para transformar a sociedade, reduzindo drasticamente as desigualdades e resolvendo os problemas mais gritantes dos mais fracos e pobres, pode ainda dar sentido a políticas que se reivindiquem da democracia.
E essa tarefa, a meu ver, só será levada a cabo com êxito por novos actores, que evidenciem propósitos e projectos virados para o futuro.