Neste tempo de pandemia, mesmo em fase de algum relaxamento, para ‘matar’ o tempo dedico-me a todo o tipo de leitura e, por um acaso, deparei com um conto que pelo seu alto significado me inspirou esta comunicação. Fala de amizade e do seu inestimável valor.
Para melhor aprofundar e embelezar esta crónica, lancei-me em pesquisas que me deram este belo horizonte, que nos inspira então a considerar os diversos e multifacetados tipos de amigos. Alguns mesmo bem curiosos.
Desde logo o curiosíssimo amigo colorido, conceito moderno de relacionamento de um casal que ainda não está maduro para se assumir; o amigo da onça que é uma expressão popular brasileira, usada para se referir ao indivíduo que não é de confiança e tenta enganar uns para levar a melhor sobre os outros. Um amigo da onça é alguém que finge ser amigo apenas para satisfazer os seus interesses pessoais. Neste sentido, a expressão costuma ser vista como pejorativa e insultuosa. Porém, em determinados casos, pode também ser usada de modo descontraído, como uma brincadeira entre verdadeiros amigos; o amigo de Peniche é uma expressão idiomática de Portugal que se refere a um falso amigo - um parceiro desleal que não merece confiança - e está apenas interessado em receber à custa de outros sem oferecer nada em troca. É o equivalente da expressão amigo da onça do Brasil, também usada em Portugal; amigo do alheio (caloteiro, embusteiro, fraudulento, gatuno, larápio , trambiqueiro , trapaceiro) anoção é a de uma pessoa que deixou de lado as leis e o respeito pelos outros para atender os seus interesses.
E o tema dá pano para mangas e podia ir por aí e fora e mencionar igualmente o oculto/secreto, o falso e o fiel. Este último, o fiel amigo é o bacalhau usado na alimentação e tão apreciado pelos portugueses. Conheço amigos, dos verdadeiros, que fazem umas boas centenas de quilómetros, para o degustar em “santuários” de eleição.
E por falar em amigos, dos verdadeiros, lembro o poema de Camilo sobre os 110 amigos: “Amigos cento e dez, e talvez mais,/Eujá contei. Vaidades que eu sentia! / “Um dia adoeci profundamente. /Ceguei. Dos cento e dez houve um somente/Que não desfez os laços quase rotos. /- Que vamos nós (diziam) lá fazer? /Se ele está cego, não nos pode ver…/Que cento e nove impávidos marotos!”
Mas, na realidade o que verdadeiramente me impressionou foi o tal conto que na essência, e resumidamente, falava de um jovem recém-casado, durante uma visita ao seu pai. “Ao conversarem sobre a vida, o casamento, as responsabilidades da vida, as obrigações da pessoa adulta, o pai lançou um olhar claro e sóbrio para seu filho, aconselhando-o a nunca esquecer os amigos, porque por maior sucesso que pudesse ter na vida, sempre precisaria de amigos. Passados 50 anos verificou que eles são os autênticos baluartes da vida e aprendeu queo tempo passa. A vida acontece. A distância separa. As crianças crescem. Os empregos vão e vêm. O amor fica mais frouxo. Os pais morrem. Os colegas esquecem os favores. As carreiras terminam. Os filhos seguem a sua vida.
MAS... os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo e quantos quilómetros os separam.
Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabíamos das incríveis alegrias ou tristezas que estavam adiante, nem sabíamos o quanto precisaríamos uns dos outros.
Eles são a família que escolhemos", diz o ditado popular.
Seja como for, a amizade, como qualquer relacionamento, também precisa ser cultivada para que permaneça viva.
E isso compete a cada um de nós!