Nos fins anos 80, inícios dos anos 90, uma “febre” caiu sobre os jovens na Europa, incluindo Portugal, em volta do que eram os chamados “Grupos de jovens”. Grandes grupos se formaram, religiosos, cívicos e políticos originando dai as designadas “J”.
Vivemos décadas, em que as disputas por grupos e a integração dos jovens pela vida política, se fazia uma alta velocidade sem precedentes. Por um lado, uma forma de obter mais votos, de outra de formar equipas de trabalho.
Neste contexto, estavam criados meios e formas em que a crença política e a paixão pela mesma levavam os jovens cada vez mais a inserir neste caminho. Uma vez inserido, estavam abertas algumas portas para a vida profissional.
Aos olhos dos jovens, e dos restantes cidadãos, nascera uma nova forma de acreditar, na política, através dos que “seriam” considerados mais puros e distantes das políticas antes e depois de 25 Abril de 1974, renascera assim uma nova forma de fazer política em Portugal.
As participações em campanhas e atos eleitorais começaram a ser mais frequentados, e as taxas de abstenção diminuíam, jovens encabeçavam listas para autárquicas, e até legislativas, passando mais tarde pelas Europeias. A azafama, era cada vez maior, em cada ano que passava, estudantes do secundário e do Superior, eram constantemente convidados para as diversas forças políticas. Começava assim uma nova luta de poder, entre as diversas classes sociais da juventude.
Com o decorrer dos anos, e dada a tanta procura, os órgãos de poder das estruturas partidárias, dão início a processos de filtramento de elementos em que processam uma seleção dos que possuem formação académica, que tenham uma inserção na sociedade onde consigo arrastem votantes, e que estejam empenhados numa política de acordo com as filosofias do respetivo partido. Prometem cargos políticos, empregos, violando assim os princípios fundamentais de uma democracia livre, justa e credível. Tal acontecimento, teve um desfecho ao longo dos anos até ao presente, que levou ao descrédito dos jovens e da política.
Neste contexto verificamos nos dias de hoje um afastamento em massa da juventude em relação a vida política, resultado de elevada percentagem de abstenção nos últimos atos eleitorais.
Dito isto, tem a União Europeia uma grande preocupação com a atual situação dos jovens, na sua vida ativa, profissional, política e social, querendo e na base da democracia criar um plano de reintegração dos jovens numa vida política estruturada e credível. A democracia é um dos princípios fundamentais sobre os quais a UE foi fundada, a 70 anos com a Declaração de Robert Schuman. Desde entãoas suas instituições funcionam, dando instruções, orientações para que haja uma unificação de regras e leis de forma a consolidar e apoiar a democracia que é fundamental para garantir o bem-estar dos cidadãos da UE.
No que diz respeito aos jovens e à democracia, a relação da UE com os jovens é norteada sobretudo pelo artigo 165.º do Tratado sobre o Funcionamento da UE, que afirma que "A ação da União tem por objetivo: estimular a participação dos jovensna vida democrática da Europa". Em consonância com estas disposições, a recentemente adotada Estratégia da UE para a Juventude 2019-2027 visa promover a participação dos jovens na vida democrática e refere também
"o modo de funcionamento das nossas democracias","a exclusão socioeconómicoe a exclusão democrática"e as "deficiências democráticas nosprocessos da UE".
Todas estas questões deverão ser abordadas através da construção de pontes para a juventude, com vista a reforçar a sua confiança na democracia como um sistema de governo que produz resultados para os jovens e que procura implicá-los.
Tendo em conta o que precede, deve reconhecer-se que os jovens dão valor à democracia, e se sentem desacreditados nela, mas são necessários mais esforços para a aproximar mais dos seus corações e – em particular – das suas mentes. Mais ainda, temos de nos certificar de que os jovens se sentem incluídos e que podem exercer um papel ativo na vida democrática da UE e dos Estados-Membros. Mas, para conseguir isso, vários aspetos precisam de ser levados em consideração:
a) O apelo de narrativas políticas alternativas, anarrativa centrada na democracia, nos direitos humanos fundamentais e no diálogo intercultural pode perder apoio num clima de insegurança e dificuldades materiais (desemprego elevado e persistente, pobreza no trabalho, baixa probabilidade de mobilidade social, etc.), especialmente se os governos democráticos demorarem demasiado tempo a encontrar respostas para esses desafios.
Portanto, não seria de surpreender que os cidadãos, independentemente da idade, ouvissem aqueles que afirmam possuir soluções fáceis para os problemas sociais e económicos atuais.
Aproveitar as frustrações das pessoas é agora mais fácil graças aos novos fluxos de conectividade e informação que permitem a disseminação da desinformação. Portanto, é fundamental que mais
atenção seja dada à forma como as opções políticas são formuladas, comunicadas e implementadas.
b) Formas do poder, novas e em mutação, e a participação dos jovens
Apesar das melhorias recentes descritas acima, a perceção de que estamos a lidar com uma geração jovem um tanto ou quanto afastada das formas tradicionais de participação na tomada de decisões
(votações, partidos políticos, organizações juvenis, participação em debates públicos, etc.) ainda persiste. As votações em intervalos regulares podem já não ser um modo suficiente para os jovens
se implicarem na tomada de decisões e os valores que definem a estrutura de poder tradicional não são necessariamente atraentes quando comparados com alternativas mais apetecíveis:
Estas novas formas de poder e de participação suscitam certamente questões sobre a representatividade dos sistemas de decisão e de governação.
As novas tecnologias também oferecem a possibilidade de reduzir o afastamento entre os cidadãos e as instituições governamentais e permitir a rápida comunicação e expressão de opiniões. As
gerações jovens geralmente sentem-se confortáveis a utilizar ferramentas dos média sociais, o que é um ponto forte a ter em conta.
No entanto, também é necessário colocar uma ênfase maior:
• no fosso digital entre os jovens e na necessidade de o superar;
• no fecho do ciclo de comunicação – os jovens são consultados, expressam-se e participam na tomada de decisões, mas os resultados também têm que lhes ser comunicados de volta e
as decisões defendidas de uma forma igualmente adequada aos jovens;
• na participação digital, que não tem os mecanismos que as formas mais tradicionais de participação têm em vigor para garantir a qualidade e o alcance.
Tendo em conta que a Juventude e a semente do futuro, e que deve estar no centro da democracia e dos partidos políticos, termino este artigo com algumas sugestões de perguntas que devem de ser colocadas nodebate de orientação que será realizado na reunião do Conselho da Juventude da UE a22 de maio:
“Nos Jovens colocamos o dever, de assumir a responsabilidade humana “