“A Ganância que te move… É a mesma que te mata…” Poeta Urbano
Neste tempo conturbado que vivemos, de confinamento voluntário ou até imposto, ao escutar notícias perturbadoras sobre a especulação que tantos fazem, aproveitando a fragilidade da maioria perante este mal aterrador, veio-me à lembrança um texto que li, e que havia guardado no computador. Os computadores servem para tanta coisa e são também autênticos relicários.
É de facto inconcebível que aproveitando um tempo que até já foi classificado de “guerra”, seres humanos (duvido?) tenham o desplante de querer ganhar fortunas à custa de quem procura resistir ao terror.
Protejam-se dizem as autoridades sanitárias, e bem, e quando saírem à rua levem máscara. Pois, se as houver, e quando aparecem nas farmácias ou nas grandes superfícies, custam 4 ou 5 vezes mais. Tão caras dizem, e ouvem como resposta, pois o fornecedor encareceu o produto. Lavem as mãos com frequência, desinfectem com álcool e gel… a mesma ladainha!
Especuladores! Vampiros! Ladrões?
Se calhar tudo isso junto, mas, acima de tudo, gananciosos.
Perante este cenário que envergonha o género humano, e para melhor o caracterizar, recorro ao tal texto que em jeito de conto contém uma profunda lição que, espero, seja bem entendida por todos.
É claro que não acredito que a lição penetre no empedernido coração dos gananciosos.
“Um homem santo, que também os há, um dia chegou lá acima, bateu à porta, foi recebido por Deus e disse:
“Senhor, eu gostaria de saber como são o Céu e o Inferno”.
Deus então levou o homem santo a duas portas.
Abriu uma e deixou-o olhar para dentro.
Havia uma grande mesa redonda.
No centro da mesa havia um enorme recipiente contendo comida deliciosamente temperada e perfumada.
O homem santo ficou com água na boca. As pessoas sentadas ao redor da mesa, eram magras, pálidas e doentes.
Todos pareciam com fome.
Eles tinham colheres com cabos longos, presas ao braço.
Todos alcançavam o prato de comida e podiam pegar um pouco, mas como o cabo da colher era mais comprido que o braço, não podiam levar a comida até à boca.
O homem santo tremeu ao ver a miséria e o sofrimento deles. Deus disse: "Você acabou de ver o inferno".
Deus e o homem dirigiram-se em direcção à segunda porta.
Deus a abriu.
A cena que o homem viu era idêntica à anterior.
Havia a grande mesa redonda e o recipiente que fez dar água na boca.
As pessoas ao redor da mesa também tinham colheres com cabos longos.
Desta vez, no entanto, eles estavam bem alimentados, felizes e conversando uns com os outros, sorrindo.
Deus disse: “Você acabou de ver o céu.”
O homem santo disse a Deus: "Eu não entendo!"
É simples, respondeu Deus, eles aprenderam que o cabo da colher não permite que você se alimente... mas permite que você alimente o seu vizinho.
Então eles aprenderam a alimentar-se uns aos outros!
Aqueles na outra mesa, por outro lado, só pensam em si mesmos...
Inferno e Paraíso são os mesmos em estrutura...
Nós trazemos a diferença dentro de nós!
Eu me permito adicionar um pensamento não meu:
"Na terra há o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para satisfazer a ganância de alguns.
Nossos pensamentos, por melhores que sejam, são falsas pérolas, se não são transformadas em acções.
Seja a mudança que você quer ver no mundo " (Mahatma Gandhi)
Resta-me, ou melhor dizendo, resta-nos a esperança que quem de direito intervenha para colocar no devido lugar aqueles que aproveitam a fragilidade dos outros para engrossar as contas bancárias.
É verdade que estão a esvaziar as prisões para proteger a saúde de quem lá estava. Com as cautelas que a situação recomenda, espero.
Mas quem se aproveita duma ocasião destas para especular não merece andar em liberdade!