Com 46 anos de história, este ano o 25 de Abril foi comemorado de maneira diferente face à pandemia do Covid-19.
Há precisamente um ano escrevia para este mesmo jornal o meu primeiro artigo de opinião sobre o tema os valores de Abril. Enquanto o redigia, imaginava anos prósperos que se avizinhavam sob os valores conquistados no dia 25 de Abril de 1974. Tinha em mente mil e um planos a nível pessoal, académico e profissional.
Tudo pensado até sermos assolados pela pior pandemia dos últimos 100 anos, que retirou o emprego a uns, qualidade de vida a outros (para muitos a sua própria vida), forçou a restruturação de todo um sistema governativo e uma sociedade não muito suscetível a mudanças. Sem nos apercebermos, obedecemos incessantemente a uma causa natural, a uma pandemia que enclausurou um povo no dia em que este tinha em mente sair à rua, fazer o que os seus antepassados fizeram, para comemorar a conquista da liberdade.
Um inimigo invisível que tentou com que as pessoas deixassem de comemorar e de lembrar um dos acontecimentos mais importantes da história de Portugal. Mas, ficou pelo tentar, porque ninguém esquece, por muito difícil que seja o momento que passemos, a vitória de Abril e porque a comemorar incentivamos e dá-nos forças para enfrentar o que aí vem.
Sem saírem às ruas, os portugueses colocaram o cravo ao peito. Sem saírem às ruas, cataram o “Grândola Vila Morena”. Sem saírem às ruas cantaram com a mão no peito o nosso hino nacional, levantando os esplendores de Portugal.
No entanto, que não se olhe para esta realidade de uma forma totalmente pessimista e que se tenha como exemplo. Mais que nunca, a nossa liberdade conquistada há 46 anos, começa onde acaba a do outro. Quero eu dizer com tal frase que somos livres, mas que a gozemos com responsabilidade. A quem se dá a liberdade, a quem se dá direitos, também se pedem deveres e por isso mesmo, devemos todos assumir tanto o ter como o cumprir, pois liberdade significa um direito que cada individuo tem de se comportar conforme lhe pareça, desde que não vá contra ao direito do outro e esteja dentro dos limites da lei.
Findo este meu artigo de opinião com a esperança que neste Abril se ganhe o próximo Abril, tendo a certeza que se tivemos bravura para conquistar um direito tão fundamental, temos bem ciente que a sua utilização de maneira consciente pode ser marcante para que nos próximos anos saiamos às ruas para o comemorar com exaltação.
Se queremos ser livres, temos de nos livrar da inconsciência.