“O presidente da Câmara nunca inaugurou nada comigo porque nunca fez nada na Feira”…
Esta é uma afirmação que pode ser lida na recente entrevista que Fernando Leão, Presidente da União de Freguesias de Santa Maria da Feira, Sanfins, Espargo e Travanca deu a um órgão de comunicação local. E ainda acrescentou que, “aliás, não fez nada nestas quatro freguesias”.
E, certamente, acrescento eu, outros presidentes, de outras freguesias ou uniões de freguesia, diriam o mesmo. Simplesmente porque o concelho tem estado paralisado. Nada tem sido feito em lado algum, a não ser obras de fachada e alguns eventos para entreter o pagode.
Porque, e não me canso de o repetir, o desenvolvimento que se evidencia é fruto essencialmente da iniciativa privada, que é pujante e se queixa mesmo de ser desamparada.
De quem é a culpa perguntar-me-ão? De todos nós, e especialmente de quem consecutivamente tem votado, desde sempre, no mesmo projecto partidário.
Mas a entrevista tem outras afirmações e motivos de interesse que devem merecer a atenção profunda de todos nós. Porque o Concelho merece e exige melhor tratamento e, sobretudo, outros intervenientes.
Embora seja tripulante da nau pilotada pelo autarca de Fiães, Fernando Leão não poupa nos adjectivos para classificar a sua quase nula actuação. Quando se fala de “reforço de transferências de verbas para as Juntas de Freguesia”, recorda uma reunião de autarcas, já há quatro anos no Isvouga, em que disse aos colegas que estavam na fila que o tempo que perdiam à espera da “esmola” era inglório aconselhando-os a acabar com a peregrinação de ir até à Câmara pedir uma palete de cimento. Depois de muito esforço lá veio um “aumentozito” de verba de 11%, que ao fim de dez anos de jejum apenas soube a 1%.
Neste âmbito manifesta-se desiludido em relação ao Município, “não num campo pessoal, mas no campo institucional”, pois apesar de não precisar de gastar gasolina para se deslocar até à Câmara Municipal não tem tido qualquer privilégio, sentindo-se mesmo defraudado em relação àquilo que se tinham comprometido com a Junta de Freguesia. Ora se isto se passa com uma estrutura da “cor”, o que não acontecerá com as demais que não vão à mesma missa?
Em jeito de desabafo Fernando Leão refere que “a cova paga tudo o que é Imaginarius, Viagem Medieval, ou caminhadas que param a cidade até à meia-noite. (…) E os passeios? E as condições para as pessoas?” E os incómodos que os residentes suportam, acrescento?
Porque não vão os eventos para Lourosa, Paços de Brandão, Lamas… porque é tudo na “cova”?
E encerra a entrevista colocando o dedo numa ferida habitual, que é a de se fazer obra em ano de eleições. “Poderá terminar-se algo que já se iniciou, por razões logísticas, mas não por uma questão de estratégia”. É aquilo que mais detesta, confessa.
Porque, como diz e muito bem o autarca da ‘cova’, fazer inaugurações em ano de eleições é um procedimento errado.