Há conhecimento de que o território de Fiães foi habitado vários séculos antes da era de Cristo. O Dr. Abílio Ferreira da Silva, na revista “Ulfilanis Villa”, n.º 1, pág. 13 a 15, fala-nos da antiguidade de Fiães, considerando como provável ser habitada no período Neolítico.
O Pe. Domingos A. Moreira, põe a hipótese de existir a primeira igreja de Fiães, a partir do século IX e encontrou um documento do ano de 1181 da era de César, (1219 da era de Cristo), no reinado de D. Afonso Henriques, referente à venda duma de uma herdade em (gutar) lugar de Gualtar, (feanes) freguesia de Fiães. (cópia do documento inserida na Revista Ulfilanis Villa, n.º 1, pág.13)
São referenciados por estudiosos vários e prováveis nomes antigos ao território hoje chamado “Fiães”, a saber: Ulfillanes, fianes, Fianes, Feães, Úlfilanis,Úlfilanes, Fídila, Foaanes, Ouufeaaes, Ofiães, Oufiães.
Muitos mestres da matéria, são unânimes em afirmar, que é de considerar o território de Fiães, como local onde existiu a famosa povoação, Lancobriga.
Existe na Rua do Grandal uma fonte com insígnias gravadas na pedra, a testemunhar a permanência muçulmana; o “Castro” no Monte de Santa Maria, onde antes dos romanos, outros povos lá passaram, etc.; é de lamentar que a exploração arqueológica iniciada há cerca de 100 anos, interrompida e abandonada, não seja concluída, para esclarecer certas dúvidas ao conhecimento histórico deste território, que certamente teria influência na projecção da Cidade e valorização da região.
Depois deste pequeno apontamento, será bom lembrar que atualmente Fiães é uma das três cidades no concelho de Santa Maria da Feira e… não só uma, nem duas, como parece ser considerada, em relação ao desenvolvimento urbanístico e progresso local, a fim de servir a comunidade Fianense, que se sente magoada pelo modo como têm sido negadas, as suas justas aspirações pela autarquia feirense e pelas Juntas de Freguesia, que desde o 25 de Abril acomodam-se de forma a fazer crer de que tudo está bem, sem precisar de melhorias?!
Fiães, situado a cerca de 9km a nordeste da sede do Concelho, era nos meados do século XX uma das freguesias mais populosas e prósperas do Município. Adquiriu a categoria de Vila, a 24 de Setembro de 1985 e em 19 de Abril do ano de 2001 foi elevada à categoria de Cidade.
Neste curto espaço de tempo, Fiães, de aldeia próspera e centro regional (havia gente de Cabeçais, que vinha abastecer-se a Fiães) que passou a ser uma cidade (?) só na Lei e no Brasão, porque de resto, a marginalização não é total… mas quase! Ressalvo os trabalhos em marcha, a fazer lembrar o andar do caracol, mas espero que resolva para melhor o trânsito no centro urbano. Mais vale tarde, do que nunca!
Uma terra antiga, para ser elevada à categoria de Cidade, devia obedecer à obrigação de criar condições condignas (se as não possuir) para justificar a razão da promoção. No caso de Fiães, há 19 anos que é Cidade, mas isso, não aconteceu!
-- É caso para perguntar, porquê?
Custa muito aceitar a pouca atenção prestada aos problemas que continuam a ser adiados, como se tudo estivesse bem.
Como exemplo de alguns erros ou faltas, cito: o parque, miradouro, no Monte da Pedreira, está em obras há mais de 70 anos, embora com algum progresso é certo, mas ainda muito a fazer. Ao construir as Piscinas foi ocupado espaço ao Monte da Pedreira, que já falta; o Pavilhão no Bolhão foi construído em espaço que devia ser um jardim arborizado para descanso dos adultos e recreio das crianças residentes nos arredores; o projeto da Escola Coelho e Castro devia incluir melhorias nos acessos; na Rua de Penoucos havia terreno maninho suficiente para criar uma via com duas faixas de rodagem, mas por ocupação endivida dos proprietários e outros por autorização da Junta de Freguesia e Câmara Municipal, a beneficiar alguns proprietários nos alinhamentos para construções, a oportunidade foi perdida e a Cidade prejudicada; na Rua Central dos Valos e Rua Pe. Manuel F. Sá, a Junta de Freguesia e serviços Camarários aceitaram a construção de edifícios sem recuos necessários para o alargamento da estrada; o rio ‘Às Avessas’, que oferece boas condições para projectos de valorização da Cidade e bem-estar do povo, merece pelo menos ser limpo e tratamento das margens para evitar o despejo de detritos e defesa do meio ambiente; faltam passeios, passadeiras e sinalização na maioria das ruas e faixas de rodagem (já agora, informo de que em trechos da Rua Central, em horas de ponta, passam entre 500 a 600 veículos numa hora); o pavilhão da Casa do Povo, há anos em obras (?) sem se prever o fim, a provocar dificuldades incompreensíveis à prática de Futsal, não só para os treinos e jogos do seniores, mas ainda mais às classes jovens que têm que se deslocar para fora da terra por não haver instalações em Fiães; até nos transportes públicos esta Cidade é penalizado pela falta de ligação direta para a sede do concelho!
Quanto à Cultura (Fiães sempre foi uma terra, como exemplo) está em crise, devido à falta de motivação, mas também por não haver espaços apropriados para espectáculos e outros eventos, que despertem interesse na juventude na promoção e fixação à sua terra.
Não haverá razões para os habitantes de Fiães pensar que só lhes é permitido pagar os impostos e votar nas eleições? Ou será, como diz o adágio: para quem é bacalhau basta?
Uma cidade carente em melhoramentos e serviços que fazem falta a qualquer cidade, falta investimento e progresso que provoca a perda de habitantes, como já acontece em Fiães, devido à constante saída da juventude na procura de locais onde possa encontrar melhores condições de vida, mas também cria descontentamento aos residentes.
Uma cidade sem transportes públicos, (são menos do que havia há 60 anos), sem uma Casa de Cultura nem espaços para entreter o povo ao ar livre, sem parques de lazer e até falta de estacionamentos, o que se pode esperar? – Será para acabar com mais escolas e salas de ensino?
Pior ainda é o abandono da população, mais pela juventude que já se faz sentir, mas maiores consequências irão surgir mais tarde!
É lamentável ter de apontar tantos factos negativos, mas também é triste e preocupante assistir à falta dos positivos, que tardam em aparecer!
Para terminar, acrescento, de que parece, repito, parece ter faltado a Fiães poder reivindicativo, ou então o seu crescimento terá obedecido a habilidades intencionais, com propósitos de travar o desenvolvimento. O que seria mais lamentável?
Nos tempos que correm, tudo é normal acontecer!