Não sou militante, não sou apoiante nem sequer simpatizante. A minha relação com o PSD é uma relação imposta pelas circunstâncias políticas, tal como os restantes partidos: PCP, PS, CDS, partidos que tiveram responsabilidades de governação durante grande parte da minha vida. Sempre que cumpri com a minha obrigação de eleitor, nunca votei por motivos partidários, mas porque acreditei que determinada figura reunia o melhor programa e a melhor personalidade para governar Portugal. Confesso que tem sido uma frustração. Alguns até começaram bem, mas acabaram todos muito mal, não há excepções. O ditado: “cada povo tem o que merece” irrita-me porque eu e muitos como eu – e desejo acreditar que em número elevado –, não mereciam tanta traição.
Mas é o que temos, gentalha cheia de títulos, doutores, engenheiros e professores (os que não têm compram e se não conseguirem basta afirmar que são), mas gente sem carácter ou escrúpulos, representantes do piorio.
Atenção que as alternativas… bem essas são mesmo de fugir, nem o desespero me faria fazer votar num Livre, num Chega ou num tal Liberal. Na verdade, o sistema como o conhecemos bateu muito baixo e ninguém é inocente.
Observemos o que está a acontecer com o “Luanda Leaks” e apontem-me quem em Portugal é inocente! Do PCP, PSD, CDS, PS, qual destes partidos pode afirmar inocência? Conhecem algum que não tenha ido ao ‘beija-mão’?
Estes senhores que encheram a boca condenando o passado colonial português deram cobertura à pior forma de neocolonialismo que conhecemos, aceitando encher os bolsos com o dinheiro do pior saque perpetrado naquele país.
Na verdade, estou pouco preocupado com o que Isabel fez ou não fez ao seu povo, eles que lhe apliquem a justiça. O que mais me revolta é o arzinho de inocentes dos branquinhos de Portugal.
“Ai que ladra que é a preta da Isabel” dizem em surdina uns para os outros com aquele arzinho de ‘sacos de fuba’ esfomeados sempre insatisfeitos.
Pois, e os senhores? Não eram vossemecês que ainda no outro dia a recebiam, aceitando as suas propostas para a compra de bancos e empresas portuguesas? Confessem!
Não venderam a mãe porque Isabel tinha mão-de-obra mais barata.
O Luanda Leaks trouxe pouca novidade. Poucochinho. É inegável o abalo que parece ter causado aos envolvidos e o efeito que as luzes da imprensa estão a provocar na opinião pública, fazendo-nos questionar mais seriamente sobre os governantes que temos e o carácter dessas pessoas.
Isabel não me diz nada, sobre o que faz, ou o que lhe vai acontecer, os Angolanos devem ser soberanos e trilhar o seu caminho aplicando-lhe a justiça…
O que seria interessante era ver a justiça ser aplicada em Portugal, a todos os que garantiram a livre circulação do dinheiro trazido por Isabel e lhe deram o protagonismo que lhe conhecemos. Mas isso dificilmente acontecerá, pois era como dizer que todos os nossos governantes e ex-governantes, mais os altos responsáveis pela regulação e justiça, todos sem excepção, tinham que se apresentar em tribunal dando-nos a importante resposta à pergunta:
“Porque é que os senhores mancharam o nome de Portugal?”
Não me venham com a desculpa de que somos pobres e estávamos em crise. Éramos e continuamos pobres…, ricos só mesmo a Isabel e todos os que lhe deram cobertura.
Após esta breve dispersão até Isabelita e os seus inúmeros ladrões volto à vitória de Rio, que confesso ter-me deixado mais tranquilo de que a alternativa Montenegro.
Prefiro ter como possível primeiro-ministro um indivíduo que já deu provas de liderança na segunda maior Câmara do país e que apresenta um currículo e uma maturidade jamais encontrada no jovenzito a quem não conheço obra realizada.
Mas o pior de Montenegro não foi a falta de currículo e ‘calo na mão', o pior foi vê-lo apelar por tudo aquilo que é a estreita ligação ao saudosismo e que no comum português não deixa saudades nenhumas, Cavaco e Passos. Eu sei, eu sei… era para consumo interno, mas pelos vistos nem mesmo nos militantes mais aferroados resultou. Afinal pode ser que nem tudo esteja perdido.
Só mesmo com o nosso presidente da Câmara e seus companheiros fervorosos. Saudosistas antecipados do tempo da ditadura de quatro décadas de poder na Câmara da Feira. Esses preferem fazer apostas que lhes garantam o eterno ceptro na mão oferecido de bandeja por um povo inebriado.