A primeira preocupação dos pais consiste em que os seus filhos sejam saudáveis, tanto a nível físico, como mental. Uma vez integrados na escola, os pais perspetivam que os filhos tenham um bom rendimento escolar, que se saibam comportar e que mantenham um bom relacionamento com os seus pares. Mas, e quando isso não acontece? Quando começam a surgir as más notas, as queixas de distração e o mau comportamento? Quando as expectativas dos pais em relação aos seus filhos são defraudadas? É aqui que surge o grande desafio e, muitas vezes, a procura de ajuda profissional.
Os primeiros a entrarem num gabinete de Psicologia são os filhos. Trazem já uma bagagem gigante de queixas: são os professores que se queixam que eles são desatentos e mal comportados e que não há um dia que não arranjem problemas, ou com os colegas, ou com os próprios professores; são os pais que já não sabem o que fazer pois estão fartos de ler recados na caderneta por causa do mau comportamento e faltas disciplinares, bem como assinar testes com notas medíocres. Acrescentam que os colocam de castigo – “já lhe tiramos tudo: telemóvel, tablet, computador, televisão”, mas “nada resulta”. Ou seja, no final das contas, parece que os filhos, essas pobres criaturas, são o grande problema e os únicos a precisarem de ir ao(à) Psicólogo(a) que, por esta altura, é visto(a) como o(a) milagreiro(a).
Não!
Na verdade, todos precisam de ajuda e todos precisam de trabalhar em conjunto para que a situação possa ser revertida. Não é o(a) Psicólogo(a) que vai “ensinar” à criança a estabelecer os seus limites, a recompensar-se quando cumpre as regras impostas por si ou a impor, a si própria, as consequências quando não cumprem as regras. Estas responsabilidades cabem, em primeiro lugar, aos pais, que são os primeiros educadores que as crianças conhecem. São estes que, quando confrontados com o desafio da educação, necessitam também de alguma orientação por parte de um(a) profissional de saúde mental. É este(a) que os ajudarão a perceber a importância de estabelecer limites aos seus filhos, a elogiar e recompensar quando eles os cumprem, a atribuir consequências quando eles não os cumprem e a ignorar quando eles os testam. Os limites promovem o desenvolvimento do autocontrolo da criança e ajudam-na a adequar o seu comportamento para viver em sociedade.
Os professores também devem ser envolvidos nesta intervenção, tendo mente aberta para algumas sugestões que os(as) Psicólogos(as) possam dar, de modo a serem implementadas na sala de aula. Por exemplo, colocar os meninos rotulados como “desestabilizadores da turma” ou com mais dificuldades de aprendizagem nos lugares traseiros da sala, não é a solução mais adequada, pois dispersam mais a sua atenção e o que se pretende é que estejam mais atentos. Por norma, são estas crianças que mais atenção precisam dos professores e, na realidade, são as que menos têm.
Lembrem-se: as crianças procuram sempre atenção. Se não a têm pela positiva, fazem por tê-la pela negativa.