A cada ano que passa o orçamento natural anual, ou seja, os recursos do planeta para cada ano civil, esgota mais cedo. Temos vindo a usar e abusar do ‘cartão de crédito’ ambiental. Com o intuito de monitorizar o défice, no Overshoot Day (Dia de Sobrecarga da Terra) é apresentada uma estimativa relativamente ao dia em que a Humanidade atinge o limite anual.
Este ano o Overshoot Day Mundial foi atingido no dia 29 de julho. Segundo a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável – Portugal é um contribuinte ativo para esta situação. Se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que o nosso, seriam necessários 2,5 planetas. O Overshoot Day português aconteceu a 26 de maio, atualmente, considerando a média mundial, estamos a consumir cerca de 1,75 planetas.
A Pegada Ecológica de Portugal tem como maiores pontos críticos, que requerem medidas de intervenção urgente para mitigação, o consumo de alimentos (32% da pegada global do país) e a mobilidade (18%). A nossa voracidade de produção e consumo está a esgotar o capital natural do Planeta.
A desflorestação, a erosão do solo, a perda da biodiversidade ou o aumento dos níveis de carbono na atmosfera, conduzem-nos vertiginosamente neste processo de alterações climáticas.
A sobrevivência do Planeta depende da introdução de medidas capazes de reduzir o défice ambiental identificado.
Entre os hábitos de gestão danosa, o consumo de água potável encontra-se no topo.
A cultura de aproveitamento e reutilização de água é, ainda, muito recente. Poucos edifícios reutilizam águas da chuva para manutenção, nomeadamente regas de jardim e sanitas, entre outros. Na sua maioria, as Câmaras Municipais não apostaram em infraestruturas para aproveitamento de águas pluviais.
A Câmara Municipal de Santa Maria da Feira (CMSMF) é um exemplo que ilustra a ausência de políticas ambientais. Os vários executivos PSD nunca tiveram visão política sobre estas matérias.
No nosso Concelho, não temos estruturas dedicadas ao reaproveitamento da água. Pior, temos um contracto de PPP, com a INDAQUA, que na fatura mensal, desincentiva a poupança deste recurso natural. Os feirenses que optam por respeitar o ambiente, pagam mais na fatura mensal, são penalizados por consumirem um valor inferior ao lucro que a empresa previa receber.
Há alguns meses, altura em que já se falava sobre um verão de seca extrema, questionei o Sr. Presidente acerca das medidas que estariam a ser ponderadas para promover a redução do consumo de água no município. Até à presente data aguardo resposta!
Chega a ser desconcertante ler as notícias e entrevistas em que o Sr. Presidente, Emídio Sousa (ES), aponta o dedo ao atual Governo, por causa dos incêndios e afins, sem primeiro arrumar a sua casa... ES devia cuidar do Concelho que (des)governa, antes de querer dar lições sobre como governar um país. Comece por fiscalizar a INDAQUA para garantir que esta não volta a fazer descargas poluentes nos Rios Uíma e Cáster, renegocie o contracto que fez com essa empresa, imponha regras de poupança de água. Sr. Presidente, invista em equipamentos de recolha de águas pluviais para regas, combate de incêndios e tantos outros tipos de uso. Cuide de fazer o trabalho para o qual foi eleito, antes de tentar governar o País.
A escassez de água é um problema real e atual que requer intervenção imediata. A ausência de políticas eficientes, à escala mundial, sobre a gestão de água está a levar-nos ao ponto de ruptura, à extinção de vida no planeta.
A água é o diamante do futuro!