A política é construída de momentos. O momento atual está entre os mais delicados e importantes para o País.
Estamos a pouco mais de dois meses das eleições legislativas. O dia das eleições será decisivo, no entanto o período crucial concentra-se no mês de julho, altura em que são oficializadas as listas.
Ao longo do primeiro semestre do ano, foram negociadas e construídas as listas de candidatos a deputados, alguns dos quais irão integrar o próximo governo. De uma forma ou de outra, todos os partidos sofrem pressões internas que se manifestam nas comissões políticas concelhias (CPC) e respectivas federações políticas distritais (FPD).
Estas pressões existem, são uma evidência e podem gerar fissuras dentro das estruturas partidárias, criando espaço para o nascimento de frações internas opostas que, em altura própria, poderão desafiar a liderança das respectivas CPC. Todas as cores políticas procuram negar este facto, para não denunciar eventuais debilidades que poderão ser usadas pelos seus opositores, fragilizando os seus próprios candidatos a deputados.
Se tudo correr bem, nas concelhias existe consenso e unanimidade em torno de um único candidato. Essa unanimidade ilustra a força política do escolhido. Por isso, as CPC tentam que não haja mais do que um ou dois candidatos, para não dispersar os votos recolhidos na reunião em que elegem o(s) nome(s) que seguem para decisão final nas distritais. A estas compete definir as posições de um determinado número de candidatos, apresentados pelas CPC que as constituem.
Desta forma, se compõem as listas que irão a votos em outubro. As posições mais desejadas são as primeiras, pois são as que maior probabilidade têm de serem eleitas.
A metodologia usada pelas concelhias e distritais, deve atender às diretrizes e programa eleitoral definidos pelas Comissões Políticas Nacionais.
Considerando o procedimento estabelecido, espera-se que as diferentes CPC apresentem como candidatos aqueles que reúnem as competências e condições necessárias, para defender e aplicar o programa eleitoral que irá a sufrágio dos eleitores.
Na realidade, em outubro, os eleitores votam na eleição dos candidatos deputados que, na Assembleia da República (AR), irão defender as posições do partido que representam, desenvolvendo projetos lei e esgrimindo argumentos nos debates de plenário. Entre eles, alguns, pela sua experiência e competências técnicas, terão a oportunidade de integrar comissões de trabalho, contribuindo com o seu conhecimento específico em determinadas matérias.
A importância do cargo explica as lutas e pressões internas que os partidos enfrentam durante o primeiro semestre de anos eleitorais.
Para a composição das listas capitalizam-se apoios, negoceiam-se estratégias e define-se o futuro. Durante o processo, não raras vezes, o ‘Cristiano Ronaldo’ embora não lesionado fica no banco para dar a vez ao ‘Éder’ que passa a convocado titular. Com alguma sorte, este último marcará golo e ficará na história. A nação fica a torcer para que assim seja, embora conscientemente ninguém preterisse o Ronaldo a favor do Éder. Afinal de contas, é o destino de Portugal que está nas mãos destes convocados.
Comecei por afirmar que a política é construída de momentos. Considerando as implicações e impactos que estas listas têm, sem dúvida alguma, o momento atual está entre os mais delicados e importantes para o país.
Ficam os votos de que nas próximas legislativas as listas sejam compostas pelos melhores, serão eles os nossos representantes.
Destaque
Todos os partidos sofrem pressões internas que se manifestam nas comissões políticas concelhias (CPC) e respetivas federações políticas distritais (FPD)