Na última reunião de Assembleia Municipal, Sérgio Cirino, líder da bancada socialista, lançou o apelo ao Sr. Presidente de Câmara para acompanhar o investimento dos privados, apontando o exemplo da Zona Industrial do Roligo. Um exemplo onde o investimento privado assegura empresas de qualidade, o mesmo não pode ser dito relativamente ao investimento municipal. À volta dessas empresas existem buracos, onde deveriam existir passeios devidamente pavimentados e infraestruturados, a par da qualidade do investimento do privado.

A este apelo o Sr. Presidente Câmara respondeu: “Não acompanhar o investimento privado? É precisamente nisso que somos fortes, porque sabemos dar espaço ao privado!”

Pois é, tem razão, mas esquece que a um Presidente de Câmara compete zelar pelo território, guia-lo com base num projeto que devia surgir da sua visão estratégica para o Município e não do investimento privado ocasional. Esta é a linha que separa a gestão municipal mais e menos eficiente. Não refiro ao grau de excelência, porque esse pertence a um verdadeiro maestro, mas já nem estou a ser tão exigente.

Não Sr. Presidente, os feirenses não precisam que se demita das suas funções entregando as rédeas do rumo de Santa Maria da Feira aos privados, para que definam o nosso destino.

Não Sr. Presidente, governar uma Câmara não se traduz na aposta em imagem para mitigar a ausência de visão. Embora seja verdade que uma imagem vale mais do que mil palavras, esta teoria não se aplica à gestão municipal. A governação autárquica não pode viver de imagens e promessas, mas sim de ideias e ações concretas. A imagem, essa deve ficar a cargo das artes e afins. Nessa matéria, creio que estamos bem servidos e não precisamos de a estender às restantes áreas. Como diz o ditado, “o seu a seu dono” e a nível cultural já temos um Pelouro competente para o efeito. Mesmo não concordando com todas as medidas do Vereador Gil Ferreira, tenho apresentado as minhas críticas em sede e momento próprio, mas sempre lhe reconheci mérito e trabalho desenvolvido.

Porém, de um Presidente Câmara espera-se mais, é suposto determinar o caminho a seguir. A resposta dada na AM, esclareceu a razão pela qual temos:

• Um contrato ruinoso com a Indaqua, a fatura sai dos bolsos dos feirenses todos os meses, exigindo que gastem mais água ou paguem pelo que não gastaram (numa altura em que a escassez de água é uma ameaça nacional);
• Se perdoou a dívida de mais de meio milhão de euros à PParques e se permitiu que, durante o período em que essa empresa privada recusou pagar à Câmara (8 anos), tenha continuado a cobrar o parqueamento aos feirenses, arrecadando receitas sem saldar a sua dívida;
• Nascem indústrias entre zonas residenciais, incomodando os moradores com odores nauseabundos, ruído e pó tóxico, etc.

Tantos exemplos poderiam ser apontados, mas estes bastam para perceber que o Sr. Presidente está certo. Dar espaço ao privado é realmente a sua especialidade. Pelo caminho pagam todos na fatura da água e perdeu-se meio milhão de euros, porque esses ficaram no lado do privado, deu-se-lhe esse espaço.

Sr. Presidente, queremos investimento privado, mas também esperamos: pelo investimento público, pela visão consistente e pela materialização das promessas por cumprir. Não queremos o show off nem propaganda criada pela assessoria de imagem, porque disso estamos todos cansados. Reclamamos a realidade acima do virtual.