No passado dia 15 de março, os jovens dos mais variados cantos do mundo afirmaram-se com uma greve às aulas em nome das alterações climáticas. Em Portugal não foi diferente, jovens de várias cidades aderiram ao movimento inspirados pela ativista sueca de 16 anos, Greta Thunberg.
A jovem ativista começou por fazer sozinha greve às aulas durante vários dias seguidos. Em novembro, milhares de estudantes australianos fizeram greve às aulas para exigir medidas para travar o aquecimento global. Aos poucos o movimento foi-se alastrando por diversos países, chegando mesmo à comunidade científica que se mostrou recetiva e apoiou.
Os jovens envolvidos na manifestação em Portugal apresentam-se como parte de um “movimento internacional, pacífico, determinado e organizado, descentralizado e não partidário”. Em Lisboa, não se ficou pela concentração, os jovens deram seguimento a uma marcha que se evidenciou pela quantidade de participantes que preencheram a praça em frente à Assembleia da República.
As frases que se liam nos cartazes culminavam o humor, a consciência política e a irreverência adolescente. Liam-se coisas como: “Marcelo liga também ao planeta”; “Queremos planeta para viver em 2050”; “Quero um encontro escaldante não um planeta a escaldar”; “Prestem atenção à única bola que importa”.
Sabemos que não será uma concentração de milhares de alunos que mudará o mundo, no entanto, a mensagem passou para os governos da seguinte forma: os alunos acordaram e estão empenhados, decididos e atentos em fazer o que os adultos não fazem, lutar contra o aquecimento global. Como dizia Greta “isto é o princípio do princípio”, porém é um princípio muito importante.
É urgente priorizar-se a questão ambiental. Mas porque é que ainda muito pouco ou nada foi feito sobre o assunto? Se as alterações climáticas são a maior ameaça à sobrevivência humana porque é que as políticas não exploram alternativas? Porque a decisão política, como já é habitual, alheia-se desta realidade e só se vai posicionando de acordo com os interesses económicos. Não interessa combater as alterações climáticas pois não se quer pôr em risco a extração de matérias primas e combustíveis fósseis que garantem o lucro e a tão cobiçada acumulação de capital.
Desta forma, a necessária transição energética para energias renováveis não deixa de pertencer à luta de classes. Não se combate uma coisa sem a outra. Não se combatem alterações climáticas sem se combater o sistema capitalista.
Podem vir tentar disfarçar o mal que fazem à sociedade com a famosa pseudo-solução do “capitalismo verde”, mas enganamo-nos se pensamos que a justiça social e climática é uma bandeira do capitalismo. Nunca foi do interesse dos “grandes senhores” promover a justiça, seja ela em que área for. É tempo para lhes dizer: Os jovens já vos toparam e agora?