A pergunta a que o título do artigo nos submete pode, à primeira vista, parecer retórica, dado que todos queremos fazer de Santa Maria da Feira um grande concelho; dinâmico, desenvolvido e próspero para as suas gentes. Não obstante, quando nos debruçamos sobre o que consideramos dinamismo, desenvolvimento ou prosperidade, certamente poderão existir diferentes perspectivas.
O Município tem sido gerido, por mais de quarenta anos, por uma única força partidária. Esta realidade condicionou a competitividade do nosso território sob diversas formas: em primeiro lugar, impediu que pessoas muito capazes de diversos quadrantes da sociedade civil assumissem funções públicas em prol da sua terra, e em segundo lugar, restringiu a lógica de desenvolvimento a meia dúzia de mentes, com todos os problemas que daí costumam resultar.
Por diversas vezes tive oportunidade de salientar a tríade que compõe as inquestionáveis vantagens territoriais de Santa Maria da Feira. Importantes investimentos realizados pela administração central (Hospital São Sebastião, três auto-estradas, Estrada Nacional n.º 1 e Linha do Vale do Vouga), localização geográfica altamente benéfica (proximidade a dois pólos urbanos da maior importância e com portos para escoar a produção, isto é, o Porto e Aveiro) e a cultura empreendedora das gentes de Santa Maria da Feira. Estes três factores diferenciadores em nada se devem ao regime instalado em Santa Maria da Feira; isto é, aquilo que caracteriza o nosso território deve-se mais a factores endógenos, do que ao PSD. Em abono da verdade, o PSD fez pouco ou nada, tendo em conta as condições que sempre tiveram à sua disposição.
Mas esta é a situação que temos e o caminho feito até aqui não pode ser corrigido. Por isso, importa saber: o que queremos para Santa Maria da Feira?
A curto prazo existem duas grandes prioridades: primeiro, a requalificação das zonas industriais existentes, associada a uma política de comercialização de lotes mais agressiva e que restrinja a especulação, e em segundo, o aumento da oferta de imóveis para arrendamento e/ou compra a custos controlados, através da reconversão dos edifícios semiconstruídos/abandonamos, na posse da banca, que abundam pelo nosso território.
A longo prazo temos a possibilidade de aproveitar o potencial histórico e natural do território, ora recorrendo para tal à redescoberta do nosso maior ex-libris (Castelo de Santa Maria da Feira), ora criando uma rede minimamente integrada entre os nossos cursos de água, parques urbanos e matas, construindo aquilo a que poderíamos chamar dos Caminhos Pedestres de Santa Maria.
A uma pequena escala compreende-se como ainda tanto está por fazer. Os centros das nossas vilas necessitam de uma verdadeira requalificação urbana, as nossas vias municipais não possuem simples passeios para peões, os ecopontos ou cestos para papeleiras são um luxo na maioria das nossas freguesias e a limpeza das bermas tornou-se o alfa e o ómega das tarefas diárias de qualquer junta de freguesia.
Por isso, não é de estranhar que algo mais ambicioso seja uma mera miragem. O centro coordenador de transportes da Feira e Lourosa são uma promessa com mais de uma década, diversos apoios à construção ou melhoria das infraestruturas de tantas associações se fiquem pelos cumprimentos de mãos para eleitor ver, e a nossa “janela para o Douro”, em Canedo, se encontre num estado lastimável.
Podemos ser um Concelho próspero, dinâmico e desenvolvido, um Concelho onde valha a pena viver, mas para isso exige-se muito mais da atuação do Executivo Camarário. Da nossa parte, estamos prontos para colocar Santa Maria da Feira no lugar que lhe pertence: entre os melhores.