Cinco anos e alguns artigos depois, vejo-me com dificuldade em escolher as palavras certas para esta carta de despedida. Já muitos sabem que o Correio da Feira foi a minha maior escola de jornalismo e que dentro deste jornal centenário me foi permitido crescer como profissional e como pessoa, adquirindo valências e conhecimento que só me tornaram intelectual e espiritualmente mais rica.
O que muitos talvez não saibam nem imaginam é – sem contar com os rotineiros e necessários trabalhos e tarefas que muitas vezes não gostamos mas temos de desempenhar – o enorme gozo e satisfação que me deram algumas entrevistas e tantos momentos passados junto das pessoas que conheci. Grandes reportagens, problemas reais, espectáculos culturais, festas populares, cerimónias protocolares e muitos marcos do CF a que tive o privilégio de assistir em primeira mão.
Deixo, com orgulho, algumas rubricas que idealizei e concretizei. Temáticas, como A Vida é Melhor Quando é Doce e Em Vinho Maria, circunstanciais, como o Mês a Mês, e a ‘menina dos meus olhos’, o Conhecer. Quem me acompanha sabe como gosto de ouvir e contar histórias e o Conhecer deu-me a rara oportunidade de entrar dentro de casa das figuras públicas feirenses e conhecer o seu dia-a-dia, valores, família e sonhos. A disponibilidade com que me receberam foi notável e até hoje não tenho como agradecer a generosidade e os magníficos trabalhos que daí resultaram. Trabalhos esses que, inclusive, ganharam um fã acérrimo, o nosso assinante Alberto Correia, que coleciona religiosamente a rubrica e tem um amor ao Correio da Feira sem medida.
Como jornalista, aprimorei a minha escrita e o caminho até ao objectivo final de transformar uma entrevista numa conversa; mas como chefe de redacção, nos últimos três anos, aprendi muito mais do que isso. A meu cargo, tive estagiários, que davam os seus primeiros passos no mundo do jornalismo, e aos quais transmiti sempre as qualidades e riscos desta profissão, assim como todo o conhecimento que tinha obtido e que eles estavam dispostos a receber; e tive também uma grande equipa de profissionais que, com as suas qualidades e defeitos, me ensinaram a liderar sem impor, a ajudar sem pedir, a encontrar soluções e compromissos pelo bem comum, a não baixar braços quando as forças se esgotam. A eles, que estiveram comigo todos os dias entre falhas informáticas, pressões políticas, vox pop e denúncias sem rosto, discussões que partiram mais do cansaço do que da razão e que me levantaram de todas as vezes que o tapete me foi arrancado debaixo dos pés, um obrigada sem tamanho.
Não posso deixar de agradecer também aos nossos fiéis leitores, atentos e empenhados em obter a melhor informação, e à Administração e Direcção pela sua orientação muitas vezes imprescindível. Desejo, a quem fica a navegar nos mares turbulentos da imprensa local, os maiores votos de sucesso, que a qualidade do jornal continue a subir e que muitos mais prémios estejam nas vossas cartas. Até sempre, meu Correio da Feira.