Como é do conhecimento público, a Câmara Municipal «resolveu» o caso da dívida da P. Parques ao Município e aos Feirenses através de um acordo em que entrega meio milhão de euros à empresa ‘caloteira’. Como não há outra forma de o dizer, esta vergonha de acordo, que mais parece um roubo aos Feirenses, de forma a beneficiar um amigalhaço e “Patricionador”, desde que se tornou público, que alimenta debates e discussões que se diferenciam de outros a que já assistimos, unicamente num pormenor; não há ninguém que os defenda, nem ao acordo nem a quem o “apadrinhou”, que é queira-se ou não, o presidente da Câmara, como maior responsável por tudo o que a autarquia faz ou negoceia. Só falta apurar se este acordo é entre Câmara e P. Parques, ou entre Emídio e Valdemar, mas pouco interessa porque quem paga são os Feirenses.
O sinal mais evidente, é que nas redes sociais, os militantes bajuladores do regime e os não militantes ao serviço do bajulamento, mantêm o silêncio, atitude rara, senão mesmo inédita nestes indivíduos. Não felicitam o bajulado, e fazem questão de não criticar positiva ou negativamente a decisão. Parece que se acabou gás ao isqueiro que sempre têm na mão, pronto a atear um fogo na seara seca, em cada oportunidade.
Se escutarmos com atenção a rápida e muito confusa entrevista que a vereadora das finanças deu à RCF acerca do assunto, percebemos que este acordo, entre a Câmara e a P. Parques, deixa todos estes indivíduos desconfortáveis. Os que se calam, pelo menos não se enterram tanto como a vereadora das Finanças, que por inerência do seu cargo tem que dar o corpo às balas nesta batalha, mas demonstrando pouca convicção. Percebe-se pela falta de confiança que mostrava nas explicações que pretendia dar, atraiçoada pelo tom de voz nervoso. Por isso não relevo a confusão que fez com a confusa explicação que apresentou. Aquilo não era mais que um punhado de areia que entregaram à “mensageira” para estupidamente nos ser atirada aos olhos... Tenho pena que a Dra. Helena Portela tenha aceite aquela missão impossível, porque o acto cometido contra os interesses do Feirenses, esse não será esquecido e será uma mancha no seu currículo como vereadora, por conivência com um escândalo.
Às vezes sou obrigado a imaginar o pensamento com que nos governam há décadas e que surpreendentemente, (para mim), no governo de Emídio Sousa agravou-se ainda mais.
“Está aqui o que tens que dizer. Não te preocupes que as Fogaceiras estão à porta e o Imaginarius logo a seguir e quando chegarmos a Biage mediébal, já esqueceram tudo.” Ou então “...oh pá, organiza ai um ibento, com um porco no espeto e muita tambor a fazer barulho e tu bais ber se alguém se lembra mais do acordo com a P. Parques, do preço da água, das ruas esburacadas, ou do que quer que seja que se queixam esses gajos mal-agradecidos”
A arrogância provinda do resultado da sua vitória eleitoral, parece garantir ao presidente da Câmara não a obrigação de serviço a favor dos Feirenses e dos seus interesses, mas um direito que lhe outorgaram para fazer o que bem entende, em defesa dos que lhe são próximos, dos que não criam incómodos, nem lhe fazem críticas. Mas o Feirense comum, o cidadão que o elegeu, esse nem sequer tem lugar nestas contas, só mesmo em época de campanha.
Vamos à questão, ao perdão que todos fomos obrigados a conceder à P. Parques.
Com este acordo, diga a Câmara o que disser, houve um perdão de mais de meio milhão de euros. E pergunta o leitor; “mas por que carga de água havia a Câmara de perdoar = perder tanto dinheiro? Talvez as razões não sejam diferentes das que:
- Levaram Alfredo Henriques a apadrinhar o aluguer do edifício onde se encontra a funcionar o actual tribunal, após o alarme criado com o perigo iminente de queda do Palácio da Justiça e que até hoje se mantem de pé, mesmo depois do vandalismo a que foi sujeito.
- Levaram a Câmara a fechar de olhos durante cinco anos ao incumprimento da concessionária, sem optar pela resolução do contrato quando decidem colocar uma acção em tribunal.
- Levam agora à realização de um novo contrato com uma empresa incumpridora e que anda a lesar os Feirenses há tantos anos.
Alguém em nome pessoal ou como empresário, voltaria a negociar com uma empresa que o lesou durante anos seguidos? Sim, há essa possibilidade. Caso tenha havido, ou haja contrapartidas ou então a Câmara também tenha falhado no compromisso assumido com a empresa. E o que nos querem fazer acreditar, é que a P. Parques falhou, porque a Câmara também é incumpridora.
Querem que vos diga o que penso sobre o incumprimento da Câmara?
O processo que a P. Parques moveu contra a Câmara da Feira foi a solução encontrada para justificar o novo contrato. Quem teve a brilhante ideia? Não sei. Mas duvido que tenha sido a concessionária e isso ainda me revolta mais. Como explicaria a Câmara aos Feirenses, este novo contrato com uma empresa que durante tanto tempo fez tábua rasa dos compromissos assumidos?
Voltemos às afirmações da vereadora Portela.
Estranha-se que seja a própria Câmara a dar conhecimento do seu próprio incumprimento. Mais grave, que se autoincrimine publicamente numa entrevista à RCF, revelando detalhes de reuniões entre a Câmara e a Concessionária. Basta escutar a entrevista de 09 de Janeiro à Radio Clube da Feira: “reclamou, nunca o fez por escrito, mas reclamou…”
Com tanto advogado a trabalhar para a Câmara, não há ninguém que diga à senhora que se a P. Parques não reclamou por escrito, então legalmente, a P. Parques, não reclamou. Pelo que percebi, pelo menos até à data das declarações da vereadora à Rádio, a P. Parques nunca tinha reclamado, por não o ter feito da forma legal, não tendo por isso, como se opor à Câmara e à resolução do Contrato. No entanto, com aquelas declarações, a vereadora veio dar à P. Parques exactamente o argumento legal, que não tinha, para poder ganhar meio milhão de euros à custa dos Feirenses! Gostaria de admitir que não houve naquela declaração nada mais que infelicidade da Dra. Helena Portela, cuja primeira obrigação é defender os Feirenses e os seus interesses e não prejudicá-los.
“Foi um lapso inocente da senhora” dizem os senhores leitores. Pois eu estou em crer que não, porque se assemelha a uma estratégia (copiada dos tempos do Pedro Passos Coelho, que para privatizar uma série de empresas importantes, passou por nos fazer crer que tudo estava mal, e que era urgente despachá-las, chegando mesmo à sua desvalorização, TAP, CTT, EDP, era o diabo…) querem que acreditemos que se não fizessem este acordo vergonhoso e prejudicial, a alternativa poderia ser bem pior para a Câmara e para os nossos bolsos. É falso. Não acreditem.
Todo o processo foi desde o inicio conduzido, por este e o anterior presidente. Hoje tudo aponta que foi sempre de forma a salvaguardar a P. Parques, à custa dos interesses da Câmara e dos Feirenses. Realizam um contracto de concessão, a empresa deixa de pagar poucos meses depois, só passados vários anos é que instauram processo contra a concessionária, mas evitando, recusando mesmo solicitar a resolução do contrato. Durante estes anos todos os Feirenses continuaram a pagar o estacionamento até que sabendo do incumprimento da empresa os feirenses entendem que não têm que pagar a uma empresa que lhes deve dinheiro. Mas há que fazer aqui um parêntese rápido. Só foi possível não pagar, porque a PSP deixou de passar as multas, senão estávamos obrigados a fazê-lo e deixou de passar multas, porque a empresa concessionária é tão cumpridora dos seus deveres que parece que também não pagava o acordado com a PSP.
A distribuição dos famosos papéis amarelos é o princípio do que parece ser o fim desta vergonhosa telenovela. Revoltados os Feirenses exigem uma posição do Poder e como era tempo de Pai Natal recebemos esta prenda com um embrulho feio, de meter medo, que nos é entregue por uma vereadora que se prestou ao papel de artista de telenovela a desempenhar um papel lido de um guião que todos sabemos quem é o autor.
E o que vamos fazer? Vamos ficar calados ou no dia da próxima Assembleia Municipal os Feirenses reúnem-se em número suficiente para demonstrarem ao Poder e ao Presidente da Câmara que não somos uns imbecis?
BASTA. CHEGA. Está na altura de dizermos todos a uma só voz: Ponham de lado as cores políticas e as diferenças ideológicas e façam-no pelos vossos direitos e em nome da verdade e da justiça.
(Dos vários artigos de opinião que partilhei com os caros leitores este foi o mais difícil. Exprimir a minha opinião sobre um assunto onde uma amiga de juventude é fortemente visada, não é fácil, pesando ainda quando depositávamos na Helena uma confiança que assentava precisamente na verticalidade que lhe conhecíamos. Acreditávamos sinceramente que o seu aparecimento na política, ao serviço da Câmara Municipal iria fazer a diferença.)