Fala-se muito em novos ricos e novos pobres mas o Partido Socialista acaba de redefinir estes conceitos. Há pouco que me surpreenda, hoje, na Política, mas ouvir Délio Carquejo perguntar se podemos chamar a quem recebe 2000 ou 3000 euros por mês classe média ou classe baixa, quase me fez saltar da cadeira. É uma simples afirmação mas contém em si uma ignorância desmedida e um ataque aos verdadeiros pobres.
Conhece Délio Carquejo a realidade dos jovens portugueses? Sabe ele que saem hoje mais tardiamente de casa porque ganham miseravelmente e sustentarem-se, a si próprios, num pequeno apartamento, pagando um balúrdio de renda, ao que acresce água, luz, gasolina e alimentação, é quase impossível? Imagina ele o que é contar tostões na caixa do supermercado? Se calhar não, porque se Délio Carquejo acha que quem ganha 2000 euros por mês é classe baixa, então eu, que ganho bem menos, pertenço aos novos pobres e nem sabia.
Assistir a uma reunião de Câmara é uma montanha-russa de emoções. Por vezes deixa-nos perplexos, como neste caso, com o absurdo da frase proferida ou da discussão sem sentido que parece nunca terminar; outras rimos, simplesmente, tal o ridículo do que estamos a ouvir. Há momentos, contudo, em que nos sentimos privilegiados, por receber boas notícias em primeira-mão, como a tão desejada baixa do IMI, anunciada na passada segunda-feira pelo Executivo. Ah, não esperem… Afinal já tinha sido anunciada noutro (qualquer) semanário, no que se assemelha a uma entrevista… Mas não é. Basta procurar pelas perguntas. É como o jogo do Wally, se bem que, eventualmente, acabamos por encontrar o boneco, as perguntas é que não.
Para fechar com chave de ouro, Lia Ferreira viu o seu pedido relativo ao relatório sobre a reunião com a Direcção Regional da Cultura, no que toca às acessibilidades no Castelo, ficar mais uma vez em águas de bacalhau. O PSD mostrou-se, aliás, confuso, como se nunca o assunto tivesse sido antes abordado. Deixaram a vereadora a sentir-se o elemento estranho da sala mas como não compreender? Os corredores da Câmara Municipal são imensos e de passo em passo há documentos que se perdem, e outros que aparecem… como por magia.