Parece estranho, mas é uma realidade recorrente e, como testemunha, venho denunciá-lo.
Na Feira, o tema ‘Estacionamento’ é uma nódoa que deveria envergonhar o anterior presidente e o actual. É sabido que a Câmara, no tempo de Alfredo Henriques, entregou os lugares de estacionamento do centro da cidade sede a uma empresa privada, pertencente ao Grupo Patrícios, que já àquela data se encontrava em grandes dificuldades económicas. Nos anos seguintes, apesar de essa empresa dever à Câmara - a todos os Feirenses – centenas de milhares de Euros da concessão que não pagou, ainda assim, durante imenso tempo, quem usasse os estacionamentos e não pusesse a moedinha, sujeitava-se a multa passada por diligente agente da PSP, um funcionário do Estado pago com o nosso dinheiro, mas obrigado a defender, indiretamente, os interesses de uma empresa privada que nos é devedora. Ridículo e só mesmo na Feira...
Dizia eu que durante muito tempo esta situação vigorou na cidade, com o atual Poder Eleito a virar a cara para o lado justificando-se com a ação que corria nos tribunais, ao invés de em defesa dos Feirenses solicitar de imediato a resolução do respetivo contracto por incumprimento. Pelo que se vai ouvindo, amizades de peito e obrigações de longos anos de apoio que ajudaram a suportar o PSD local no Poder, parecem ter impedido a Câmara de defender os interesses dos Feirenses. É essa a minha convicção, com grandes probabilidades de não estar errada, a fazer fé no que tenho ouvido ao longo dos anos.
Temos que admitir, eu pelo menos admito, que relativamente às transgressões que tenho feito em estacionamento, a PSP da Feira até tem sido bem tolerante. Uma vez ou outra manda um alerta, mas de perseguição, não os acuso. Mas estranho o que se passa na rua António Castro Corte Real, em frente ao supermercado Froiz.
Nos dias dos Imaginarius, Feira do Velho, Viagem Medieval, Fogaceiras, dias de preparação para qualquer evento, ou durante os mesmos, em termos de estacionamento vale tudo e não há PSP que se veja a atuar, nem que estacionem os automóveis frente a portões de entradas e saídas de veículos, ou a portas de entrada das casas das pessoas. Durante esses dias é permitido arrancar cabelos e tirar olhos; pode-se estacionar, nem que seja mesmo em frente à porta do supermercado, impedindo o acesso aos clientes. A PSP, quando não consegue evitar passar por ali, vira a cara para o lado, mal disfarçando o esquecimento de passar multas.
Mas passado o dia da romaria ou do teatro, ou do espeto do porco, ou da venda da velharia, ou da corrida colorida ,ou seja lá do que for, os nossos agentes, anteriormente atacados de amnésia, transformam-se em diligentes agentes da ordem pública exigindo o comprimento das regras do trânsito, dedicando especial e estranha atenção aos clientes do supermercado Froiz.
ESTRANHO! Híper de estranho! Num dos dias em que assisti a uma destas diligências da PSP, deslocava-me a pé de minha casa para o Hospital e subindo a rua logo apôs a rotunda, na Dr. Egas Moniz, havia casos de estacionamentos ilegais, com inúmeras viaturas impedindo a circulação do trânsito. É uma situação que acontece todos os dias, nas barbas da PSP, que, aí, parece não ter mandato, é um “salva-te se puderes” e todos os dias como o leitor bem sabe ou pode presenciar, os paizinhos a estacionar para levar ou recolher os filhotes, que não podem andar 50 metros, mesmo que faça sol. O exemplo que cedo dão aos catraios é fantástico, estacionando em segunda fila, impedindo os condutores de seguirem o seu percurso, pondo até a sua segurança e a dos miúdos em causa. Mas não é essa a questão, a questão é a passividade da PSP. Nada, nem para regular o transito ou fazer cumprir as regras de trânsito. Ali vale tudo e todos os dias. A imagem que vos deixo (foto2) é prova do que afirmo e notem que o trânsito está parado apesar dos sinais a permitir o andamento. Incompreensível, numa via que dá acesso a um hospital e é entrada e saída da cidade. VERGONHOSO. Perante a passividade da PSP.
Também testemunhei que, antes da edição deste ano do Imaginárius (foto4) o ataque ao cliente Froiz era diário. Pobre de quem parasse na faixa livre do passeio para se dirigir ao supermercado, a PSP caia do céu com caderninho aberto no lugar e multa de estacionamento.
Dias depois, iniciam-se os preparativos para o Imaginárius, a PSP da Feira “tira férias”. E durante todos esses dias, o estacionamento selvagem (foto6) só não aconteceu nos telhados porque os carros ainda não voam, como as vacas do Costa. Com essa atitude, a PSP perdeu a sua grande oportunidade, não só de contribuir para encher os cofres do estado mas também provar que para eles não há distinções nas pessoas nem os dias fazem alterar o código da estrada, mas não é só nesta ocasião.
Meses atrás vivíamos o Perlim, a situação nesta rua era como a fotografia retrata (foto3) vale tudo, mesmo impedir a circulação do peão, o que piora quando se trata de pessoas com mobilidade reduzida. Alguém observou a PSP a actuar obrigando, os visitantes a usar os estacionamentos preparados para o evento? Ninguém, népias. Uma vez mais a PSP “tirou férias”.
Outra ocasião, que merece mensalmente o “patrocínio” da PSP, a Feira do Velho. O estacionamento acontece em cima dos dois passeios, esquerdo e direito (foto5). Mas, por coincidência, também nesse dia inteiro a Policia tirou folga e não houve intervenção apesar dos atentados à regra do estacionamento.
Estas são as situações pontuais, que acontecem uma vez por ano ou uma vez por mês. Há no entanto, aquelas situações que fazem regra diária ou semanal, merecendo a indiferença da polícia: a das escolas é uma delas e a do estacionamento nocturno, é outra. Pensam que a polícia actua nos carros estacionados em cima dos passeios, ocupando os dois lados da rua, mesmo quando poucas dezenas de metros acima haja lugares para estacionar? Nada! E acontece todos os fins-de-semana na minha rua e na Rua dos Descobrimentos (foto7).
Em conversa sobre o assunto com um sr. Agente, justamente motivada por ter um carro estacionado em frente ao meu portão, a impedir-me a saída, desabafei a indignação que sentia no critério policial. Em resposta disse-me o sr. Agente: “ … temos ordens superiores para não actuar durante os eventos que acontecem na cidade. E durante a noite a nossa missão é simplesmente a prevenção…” Prevenção a quê? Esqueci-me perguntar…(em breve vos explico porquê?)
Aqui reside a raiz do problema, um Poder que escolhe os cidadãos de primeira e os de segunda, os que têm que obedecer à Lei e os que podem transgredi-la, os que devem ser excepções e os que são os pagantes. E a Câmara Municipal é que escolhe.
Na minha opinião os Feirenses têm o que merecem há quase 4 décadas, um Poder que só se preocupa em perpetuar-se, defendendo exclusivamente os seus interesses e os interesses dos amigos que se instalam com eles e vivem do erário publico.
Pessoas que, se houvesse eleições tornariam a encher pavilhões como que agradecendo serem tratados como portugueses e feirenses de segunda. Aguentem e NÃO RECLAMEM! Só lamento é que tanta gente tenha também de aguentar, sem culpa nenhuma.