Agradeço a sua intervenção e as explicações que achou por bem partilhar com os leitores do Correio da Feira, contudo insuficientes, por imprecisão relativamente ao que me levou a escrever, para dar uma resposta, como deduzo ser a sua pretensão, ou de outrem, ao assunto em questão explanado no meu artigo” Reabilitação da Rede Viária Feirense”.
1 – Não tenho o hábito de “malhar” por malhar. Não Adoro “malhar”, (só a expressão dá-me um certo desconforto) nada mesmo com a minha pessoa e muito menos persigo o Poder. Sou dos que ainda lhe guarda algum respeito e também defendo que o Poder tem que ser objecto de respeito, caso contrário escancaramos as portas à anarquia.
Mas vamos à questão! A nossa rede viária, a mesma sobre a qual o Sr. Arquitecto da Câmara não mostrou interesse em pronunciar-se: “…nem vou fazer juízos de valor sobre o estado da Rede Viária de Santa Maria da Feira...,”
De quem, onde escutou ou leu a observação de que a Câmara não fez obra? No meu artigo não foi, com toda a certeza!
Pode ver, Sr. Arquitecto, que eu não “malho estupidamente por malhar” ou simplesmente porque pretendo falar mal do meu presidente, meus vereadores ou de quem quer que seja. É que não falo mal, quando digo a verdade.
A minha indignação é motivada pela afirmação, atribuída ao Sr. Presidente em reunião de Câmara: “A obra mais significativa era a reabilitação da Rede Viária que estava muito degradada. O que considerámos mais importante para as pessoas e território, o Executivo cumpriu.”
A esta incompreensível afirmação, a todos os níveis, não só no que concerne à rede Viária, deixei uma pergunta ao Dr. Emídio Sousa, relacionada com a rede Viária e apresentando-lhe a realidade com que nos deparamos diariamente, a mesma que V/Exa não desejou comentar, vá lá saber-se porquê.
Futuramente, caso pretenda posso apresentar mais uns quantos assuntos, promessas eleitorais que estão por concretizar, ou então “descer a minha pena ao papiro” para repudiar o aproveitamento que o Sr. Presidente gosta de fazer do sucesso de quem arrisca o investimento para a criação postos de trabalho…, mas não divaguemos, à questão!
2 – Porque é insuficiente a sua explicação?
Porque simplesmente nos diz o que foi feito. Convenientemente ficou no esquecimento o retrato fiel do estado da rede viária do Concelho, o que era urgente, necessário e a fazer, o programado, ou o que deveria. Ou seja, o que ainda está por fazer.
3 – Se os valores que nos apresenta no seu quadro impressionarem os mais sensíveis a elevadas verbas, recordo-lhes o tamanho do nosso Concelho e uma vez mais alerto para o deplorável estado a que deixaram chegar a rede viária, nos anos anteriores.
Satisfaz-me que V/Exa não me tenha desmentido, porque se o fizesse remetia-o para as recentes palavras do Sr. Presidente que ainda esta semana durante uma apresentação confirma o deplorável estado dos nossos “caminhos”, quando afirmou na apresentação do Imaginarius, como quem está a enviar um recado: “sei que há quem defenda que com este valor, deveria tapar os buracos das estradas…”.
4 – Feita uma breve análise ao quadro que nos enviou em anexo constato tristemente, assim como os nossos leitores, que só temos direito a obra, seja ela qual for, unicamente em ano de eleição. Já sabíamos, ou melhor suspeitávamos que era assim, tínhamos era medo de o ver confirmado. Não restam dúvidas!
Segundo o seu mapa, só no ano de 2017, ano de eleições autárquicas, o número de empreitadas duplica quando comparado com o do ano 2016. O valor de obra adjudicada, triplica.
De forma a evitar maiores desilusões, aconselho a não fazerem outras comparações como por exemplo com o ano de 2014, ano seguinte ao do Dr. Emídio Sousa ganhar a Câmara pela primeira vez, a mesma que serviu como vice-presidente e teve à sua responsabilidade o pelouro das obras públicas, tendo por isso grandes responsabilidades do estado em que chegou a rede viária. Está, portanto, confirmado que a Câmara tem uma forte predisposição para executar empreitada em ano de eleições. Os feirenses são um género de cidadãos que deve hibernar e só acordar em ano de eleição, porque só nessas datas temos alguma importância.
Perdoe-me Sr. Arquitecto Filipe Leite de Sousa, já vou longo na minha resposta.
Mas não posso deixar de concluir sem este raciocino que me permitiu o seu quadro e que muita curiosidade me suscita e talvez a muitos outros feirenses:
Como é possível que todas as obras adjudicadas sejam todas, pelo menos as que observamos no seu quadro, abaixo do preço base? É algo que não entendo. Como é que se adjudica uma obra a uma empresa pelo valor inferior ao preço base, que é valor mínimo que o dono da obra entende ser necessário para a sua conclusão? Alguem esta a trabalhar mal! Ou o dono da obra, neste caso a Câmara Municipal quando avalia a obra, ou então há alguma coisa estranha nas empresas vencedoras dos concursos.
De certo as coisas mudaram muito nestes anos, em que me afastei desse ramo! Mas desconfio que reside aí muitas respostas para situações de obras por concluir, obras mal realizadas, repetição de empreitada e obras que nunca saem de projecto.
Este tema dava-nos outro debate…, quem sabe?
Certo de que esta nossa saudável confrontação não se intrometerá no respeito e consideração que estamos obrigados, recordo-lhe que serei sempre fiel aos interesses do meu Município e dos Feirenses.