Ensombrado o dia, é com profunda tristeza que chega a notícia de falecimento do amigo Manuel Santos Correia de Sá. Mais outro companheiro que acabo de perder, numa contagem que não tem como deixar de afligir. A altura da vida não é para menos, reconhece-se a lógica, mas é a fé no contemplativo que lhe destaca alguma benevolência. Empresário de sucesso e chefe de família exemplar, fez de toda a sua vida uma oportunidade de luta constante no difícil negócio do seu bem-estar pessoal e profissional, sempre na direcção do seu interesse, claro, mas sem nunca ignorar o benefício alheio. Com a muito próxima condição de amigo, tive o privilégio de o acompanhar em algumas fases destas suas facetas, numa experiência que se me tornou bem enriquecedora. De nobreza de carácter, era na solidariedade e no bom-senso que assentavam a suas principais características. A outra, agora num contágio de boa disposição, era a indisfarçável falsa curiosidade que sempre colocava quando, em frequentes encontros de amigos, os assuntos ‘cor-de-rosa’ despertavam o interesse colectivo.
Em maio de 2020, o infortúnio tocou-lhe, fechando de vez as portas de sua casa, obrigando-o a fazer da cama e serviços hospitalares a rotina de um lar que não era seu, não desejava e, muito menos, merecia. Nada tendo a ver com a covid, foram, contudo, os seus efeitos, pela via do rigor dos confinamentos, a irónica desumanidade a afastá-lo do convívio familiar e, inexoravelmente, dos amigos. Uma traição que se revelou cruel e injusta no que respeita a confronto de expectativas. Um epílogo que põe ponto final num tipo de sofrimento atroz, dando lugar a outro onde será já o tempo e a saudade a exercer o seu atenuado efeito.
A sociedade fica mais pobre, Santa Maria da Feira perde personalidade de respeito e os amigos, lugar impreenchível...
Sentidos pêsames à família.
Descansa em paz, Manel Sá!