O músico vivia no Brasil desde 2012. Na madrugada de 18 de dezembro, não resistiu a um enfarte. Era um artista talentoso, promissor e saudado por muitos, “chegava sempre com um sorriso farto, um presente, um vinho, uma poesia”

Horas antes de uma viagem até à terra natal, Santa Maria da Feira, o feirense Roberto Leão, que vivia no Brasil, partiu, com 37 anos. Traído pelo coração, o músico estava a trabalhar no próximo projeto, depois de ter lançado, em 2020, o álbum Alegria, gravado com o compositor Breno Ruiz.

Roberto Leão nasceu em julho de 1985, estudou Sociologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, fez teatro, declamou poesia na Escola Fernando Pessoa e foi ainda presidente da Assembleia Geral do Orfeão Universitário do Porto, antes de rumar ao Brasil. Aos 27 anos, mudou-se para o país da América do Sul para se dedicar à música, que conjugava com o cargo de diretor de recursos humanos na empresa Deloitte.

“Tinha uma potência de voz que permitia que cantasse até sem microfone. Ao mesmo tempo, o controle nos volumes baixos era impressionante”, refere Renato Braz, que partilhou o palco do Cineteatro António Lamoso com Roberto Leão pela última vez em setembro de 2016, para a única apresentação de ‘Mar Aberto’ em Portugal, juntamente ainda com os músicos Breno Ruiz e Mário Gil. Breno Ruiz foi inclusive o compositor do álbum Alegria, lançado durante a pandemia, cujas músicas revelam “tristeza, melancolia, dissabores, desprazeres, aborrecimentos, desagrados, desconfortos, desgostos, desilusão e outros adjetivos correspondentes, para tecer-se a malha de um amor desfeito”.

“Ele chegava sempre com um sorriso farto, com um presente, um vinho, uma poesia. Jamais visitava alguém sem levar algo, nem que fosse uma palavra”, disse Breno Ruiz sobre Roberto Leão a um órgão de comunicação brasileiro.

Breno Ruiz e Renato Braz souberam da morte do amigo por telefone, quando se preparavam para subir ao palco de um teatro em S. Paulo. Nesse momento, decidiram atuar em memória do amigo.

Cantor e poeta, Roberto Leão atuou em várias salas de espetáculo, ao lado de grandes músicos.